terça-feira, 20 de julho de 2010

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Há momentos em que me sinto meio infantilóide de tanta alegria de viver, de tanta confiança de que o caminho será sempre longo e surpreendente, me emociono facilmente com minha inocência e deslumbramento, mas tem horas que é impossível sustentar a farsa: tô ficando velha mesmo...

A vida em slow - Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • A vida em slow
Nem a encrenqueira Jabulani, nem o performático Maradona, nem a justa vibração espanhola. O que mais atraiu minha atenção na Copa que passou (e não se fala mais nisso, prometo) foram as cenas em slow motion. Aliás, very slow, passando a sensação de que a vida pode ser delicada em qualquer circunstância. Até mesmo o atrito violento entre os corpos ganhava suavidade e nada parecia doer. Nada. Não há quem não se deslumbre com imagens repousantes nesse mundo que, quando em rotação normal, é frenético demais.

Sempre fui fascinada por cenas em câmera lenta, principalmente quando utilizada para buscar poesia onde nem pressupomos que ela exista. Em cenas de guerra, por exemplo. Lembro de um filme que mostrava em slow os soldados sendo atingidos por granadas, voando junto com os estilhaços ao som de rock pesado. Brutalidade embrulhada em papel de seda. Clichê ou não, funciona.

Tanto funciona que ficamos naturalmente fascinados pelas poucas coisas da vida que são slow ao natural, a olho nu. Você já reparou?

Ondas, por exemplo, jamais são apressadas. Elas se formam com vagar, como se soubessem que participam de um espetáculo, e depois quebram demoradamente, fechando-se em si mesmas, femininas, recatadas, soltando sua espuma e suas gotas em uma coreografia ensaiada que sempre extasia. Na beira da praia ou em alto mar, em dia de calmaria e mesmo em dia de fúria, as águas nunca são aceleradas, elas sabem que são donas de um raro efeito especial.

A mesma coisa com transporte aéreo. A cidade pode estar em velocidade máxima, os carros zunindo pela avenida, pessoas correndo de um lado para o outro nas ruas, e então surge aquela espaçonave branca atravessando o céu, decolando ou aterrissando, num ritmo tão lento que custamos a acreditar que consiga se manter no ar sem despencar. Não despencam. Nem disparam. Mantém-se em slow. Planam, como pássaros que também são.

As girafas não impressionam apenas pelo tamanho incomum do pescoço, mas porque caminham num molejo baiano, não acompanham o frenesi da selva, não possuem pressa para nada, são majestosamente demoradas, assim como os polvos, que ganharam surpreendente notoriedade esse ano.

Não ter urgência, meditar como um buda, praticar thai chi chuan. Me corrija se eu estiver errada: a paciência é o sentimento mais slow motion que existe.

O fogo da lareira, a chama da vela, a fumaça do cigarro, a tragada: a vida queima em marcha lenta.

Os domingos caudalosos. O beijo apaixonado, deliciosamente arrastado... assim como as reticências...

E fim de brandura. O resto é vida veloz.
 
 

sexta-feira, 9 de julho de 2010

De repente 29

De repente 29...
 
Nossa lembro que quando era adolescente sonhava em completar 18 anos, era a idade das realizações, eu seria linda e atraente, meus cabelos balançariam e todos se virariam quando eu passasse, teria 1,70 mt, um corpo esquio e um sorriso encantador...
 
Bom nem tudo foi assim, aos 18 eu já tinha 1 filho com quase 1 ano de idade, ainda o amamentava e 3 meses depois estaria engravidando do segundo, mas penso que foi aos 18 realizei minha maior conquista, pouco antes de completar 18 fui morar na minha casa, nada de cabelos de comercial de tv, nem corpo esquio, nem a independência e parei no 1,63 mt, mas meu filho em meus braços e enfim estar morando em minha própria casa, eram uma conquista tão maior, que todo o resto perdeu o sentido, sinceramente, não sentia falta das festas e baladas, eu era plena, eu era mãe, eu era a dona de casa mais orgulhosa que existia, e hoje no dia em que completo 29, 11 anos depois dos sonhados 18, penso que nossos sonhos nem sempre acontecem como imaginamos, como tentamos prever, mas em algum momento eles acontecem, tive meus momentos de parar o transito, tive meus momentos de mãe, tive meus momentos de mulher, de amante, de gata borralheira e de princesa, tive meus momentos de mulher de negócios bem sucedida, de profissional elogiada e admirada algumas vezes até invejada.
 
Do alto dos meus 29 anos, posso dizer que sou uma pessoa feliz, e que ao longo desses anos, tive momentos dos mais diversos, fui do desespero a serenidade e da serenidade ao desespero milhares, bilhares de vezes, fui muito amada e amei muito, construí uma casa, uma família, tive filhos lindos, arranjei um emprego, dois, três, quatro, fiz a diferença por onde passei e me orgulho disso, tratei cada pessoa que passou pela minha vida como única, amei-as de todo coração, cuidei delas e nem sempre deixei-as cuidar de mim, magoei muitas, fui magoada, mas acima de tudo AMEI, amei muito e a certeza que tenho é quero continuar amando e confiando no amor e nas pessoas, pois este é o único caminho que leva a tão sonhada felicidade...
 
Morgana Fernandes 09/07/2010
 

Hoje...

Hoje, especialmente hoje, mais que em qualquer outro dia, eu queria te abraçar me sentir em teus braços e ver o mundo girar, repousar no teu ombro, falar ao teu ouvido, perder os sentidos sentindo teu corpo envolvendo o meu em um momento único e fantástico...
 
Hoje, exclusivamente hoje eu queria te encontrar, cruzar meus olhos com os teus e desvendar os mistérios da tua alma, encontrar o brilho do nosso sentimento escondido na troca desse olhar, um olhar sincero, um olhar de calma...
 
Hoje, principalmente hoje eu queria te beijar, sentir os teus lábios molhados junto aos meus, o doce frescor da tua boca a envolver a minha em êxtase e encantamento, selar essa paixão que tanto arde em meu ser...
 
Hoje, necessariamente hoje, eu queria te tocar, tocar minhas mãos em teu peito macio, repousar sobre ele minha cabeça, deixar o pensamento fluir a mente se abrir, o coração relaxar, minha alma em teu peito repousar...
 
Hoje simplesmente hoje eu queria te amar, amar teus olhos que insistem em brilhar cada vez que os meus pela rua teimam em cruzar...
 
Hoje somente hoje eu queria te falar, falar de tudo que vivi, da falta que senti, dos sonhos que perdi, do tempo que sofri, o tempo e as voltas que o mundo levou pra dar, até o dia de hoje, porque a partir de hoje e de hoje para sempre juntos iremos estar...
 
Morgana Fernandes – 09/07/2010
 

Frase de Aniversario...

PERDI LOGO OS 2 SAPATOS, QUE É PRA VER SE O PRINCIPE ME ACHA MAIS RAPIDO... (RISOS)

29 ANOS DE PURA EMOÇÃO E AMOR... OLHANDO PRA TRÁS VEJO QUE TUDO VALEU A PENA, CADA LAGRIMA, CADA GARGALHADA, CADA AMIGO, CADA AMOR, CADA DESAMOR, CADA DECEPÇÃO, CADA ENCANTAMENTO... OBRIGADA A TODOS QUE FIZERAM PARTE DA MINHA HISTÓRIA ATÉ AQUI, E TENHO CERTEZA QUE MUITOS SEGUIRÃO OARA SEMPRE AO MEU LADO!!!!

ABRAÇOS DESTA MENINA MULHER DE 29 ANOS...
MORGANA FERNANDES

Frase de Aniversario...

PERDI LOGO OS 2 SAPATOS, QUE É PRA VER SE O PRINCIPE ME ACHA MAIS RAPIDO... (RISOS)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Martha Medeiros - O viagra Feminino

MARTHA MEDEIROS
  • O viagra feminino
A disfunção sexual masculina é, geralmente, física, enquanto que a da mulher é cerebral e emocional

Ainda não será desta vez que a pílula cor-de-rosa, contraponto ao comprimido azul que revolucionou a vida sexual de homens com disfunção erétil, será comercializada. O nosso viagra feminino, produzido a partir da droga flibanserin, prometia facilidade de lubrificação e maior interesse sexual da mulher, mas apresentou efeitos colaterais indesejáveis, como depressão, tontura e desmaios, e não foi aprovada pelo FDA, órgão americano que aprova e fiscaliza remédios e alimentos.

Analisando superficialmente, talvez isso confirme a velha máxima de que os homens são simples e as mulheres complicadas, ao menos quando se trata de sexualidade. E a razão é óbvia: a disfunção sexual masculina é, geralmente, física, enquanto que a da mulher é cerebral e emocional. Sem relaxamento, sem auto-estima, sem romantismo e com a cabeça pilhada de preocupações, como ficar predisposta ao prazer?

Dizem que antes do movimento feminista, a qualidade das relações era insatisfatória por causa da repressão machista. Será? Nunca esqueço de uma tia minha que, do alto dos seus quase 80 anos, uma vez disse que essa história de mulher não ter orgasmo era coisa da modernidade, no tempo dela todo mundo tinha orgasmo e ninguém perdia tempo com essa conversa. Faz sentido. O fato de hoje sermos donas do próprio nariz e demais partes do corpo ainda não nos tornou maduras o suficiente para relativizar essa cobrança de agir feito uma bombshell, a mulher explosiva e infalível. Recebemos tantas referências de símbolos sexuais e escutamos tantos depoimentos pretensamente verídicos a respeito de noitadas das arábias que acabamos por nos sentir sempre abaixo da expectativa. Mulher brocha também. Brocha mais pelo excesso de informação do que pela falta dela. É um avanço sermos livres e independentes, mas ainda precisamos aprender a obedecer apenas ao próprio desejo, e não ao desejo globalizado que invadiu o quarto de todas nós.

Não estou querendo dizer com isso que a disfunção sexual feminina seja um mito. É uma realidade para inúmeras mulheres, e para tratá-la existem desde géis vasodilatadores até excelentes psicoterapeutas, e a pílula cor-de-rosa um dia há de ajudar também. Mas creio que, para se manter ativa e feliz, o ideal ainda é se sentir amada e desejada por um homem com quem se tenha afinidade física e, principalmente, deixar de se pautar pelas pesquisas que decretam quantas vezes e de que forma os casais “normais” transam. O que está nos deprimindo, cansando e inibindo é essa idolatria do orgasmo, esse campeonato aberto de quem exibe o maior potencial erótico. É muita tensão pra pouco tesão.
 

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Culpa Zero... Martha Medeiros


Culpa Zero... Martha Medeiros
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.
Autora: Martha Medeiros
 

A vida sem rodinhas - Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • A vida sem rodinhas
Quando é que sabemos que estamos aptos a andar por nossa conta?

Lembro que nos momentos importantes da infância, e também nos desimportantes, meu pai estava sempre a postos empunhando uma máquina fotográfica. A consequência disso? A cada gaveta que eu abro aqui em casa, jorram fotos diversas, sem contar as que estão confinadas em álbuns e porta-retratos. Dessas tantas, há uma pela qual tenho um carinho especial: é uma foto em que estou andando de bicicleta, aos 5 ou 6 anos de idade. Naquele dia eu andei sem rodinhas pela primeira vez. Dei várias voltas sem cair, até que meu pai clicou o flagrante: a pirralha com a maior cara de vencedora, dona do campinho, se achando. Eu realmente estava degustando aquela vitória. Se a foto tivesse legenda, seria: Viu?.

As rodinhas são uma base protetora para iniciantes, uma segurança para quem ainda não tem domínio da coisa. Que coisa? Qualquer coisa. Me corrija se eu estiver errada: a gente usa rodinhas até hoje.

Quando se escreve um livro, por exemplo, as rodinhas são a parte não ficcional, o sentimento de verdade, vivido, com o qual a gente ampara a ficção.

Quando se tem um filho, as rodinhas são a herança da educação que nossos pais nos deram, a parte hereditária que, mesmo questionada, sustenta nossas primeiras decisões.

Quando nos apaixonamos, as rodinhas são a repetição de certos clichês, a apresentação dos nossos ideais e certezas, mesmo sabendo que em breve entraremos em terreno movediço, desconhecido.

Quando se aceita um emprego, as rodinhas são a nossa experiência anterior, o que facilita a arrancada, mas depois é preciso andar sozinho.

Sempre chega a hora de tirar as rodinhas. Medo e êxtase.

Viver sem elas torna tudo mais perigoso, vulnerável, e ao mesmo tempo, emocionante. Nos faz voltar a ser crianças: será que estou agindo certo, será que não estou indo rápido demais, ou lento demais? Atenção: lento demais, cai.

É preciso saber viver sem um suporte contínuo, para que se possa firmar o próprio caráter. Quem não sai da barra da saia da mãe, nunca consegue se equilibrar sozinho. Quem não solta a mão do pai, não vira homem.

Não se trata de dispensar amor. Estamos falando de rodinhas, lembre. Apoio.

Quando é que sabemos que estamos aptos a andar por nossa conta? Se o assunto é bicicleta, aos 5, aos 6, aos 7, até aos 10 anos, dependendo do ritmo e da estabilidade de cada um.

Quando se trata da vida, também depende. Mas usá-las para sempre te impedem de sentir o gostinho de conseguir, de vencer, de atingir suas metas por si só.

Te impedem de perguntar: “Viu?”.

Permita que os outros vejam o quanto você pode.
 
 
 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Martha Medeiros - Onde fica o GOL? - Sensacional!!!

Lendo este texto da Martha, parei pra pensar a respeito de muitas coisas e ao invés de simplesmente copia-lo e colar aqui no blog, como sempre faço com todos os textos que julgo valido, resolvi que este texto merecia uma reflexão mais profunda a respeito, gosto das entrelinhas, dos detalhes, sendo assim, seguem meus comentários a respeito:
 
Saber pra onde ir, saber exatamente pra qual lado seguir é muito mais importante do que ter a certeza de chegar, quando o jogo começa por melhor que o time seja, nunca temos a certeza do gol, mas os jogadores sempre sabem pra que lado do campo devem correr, pra que lado devem chutar a bola, pra chegar no tão sonhado gol, a bola balançando a rede adversária, uma emoção fantástica, satisfação, superação, deve cumprido? Não o jogo tem dois tempos, um gol significa a consagração de uma jornada, uma etapa cumprida, o inicio de uma busca maior, mas temos que concordar que só acerta a rede quem consegue enxerga-la, quem é capaz de chutar na direção certa, podemos bater na trave, chutar por cima, pelo lado, bater no zagueiro adversário, sermos bloqueados, tropeçarmos, cairmos, podem acontecer milhares de coisas que atrapalhem o tão esperado GOL, mas se chutarmos na direção certa, se o fizermos com determinação e afinco, uma hora a bola entra, não importam os gols perdidos, as chances desperdiçadas, o importante é jogar, competir, estar na briga, mas o mais importante é saber onde se quer chegar, e a emoção de um GOL é única, por isso envolta nesse clima de patriotismo e copa do mundo, eu penso que quero encarar meus dias de hoje em diante como um jogo de final de copa do mundo, onde mesmo depois de jogar o campeonato inteiro, passando muitos momentos no banco de reservas, enfim tenho minha chance de jogar e justamente nos pênaltis da final, onde ganhar ou perder depende única e exclusivamente da minha capacidade de chutar a bola na direção certa e fazer as redes balançarem e ter aquela sensação única e indescritível de marcar um GOL...
 
 
MARTHA MEDEIROS
Onde fica o gol?
Em função da mobilização com a Copa do Mundo, andei me lembrando de uma conversa que tive com um amigo, anos atrás. Ele liderava uma equipe numa agência de publicidade e trabalhava em ritmo alucinado. No decorrer do papo, ele desabafou dizendo que era difícil conviver com colegas que não sabiam para que lado ir, o que fazer, como agir, e que por causa dessas incertezas perdiam tempo e faziam os outros perderem também. E exemplificou: “Sabe por que eu sempre gostei do Pelé? Porque o Pelé pegava a bola em qualquer lugar do gramado e ia com ela reto para o gol. Ele sabia exatamente para onde tinha que chutar”.

– Isso que você nem é muito fã do esporte – comentei.

– Pois é, não jogo futebol, mas tenho alma de artilheiro: entro em campo e já saio perguntando onde é que é o gol. É pra lá? Então é pra lá que eu vou, sem desperdiçar meu tempo, sem ficar enfeitando.

Taí o que a gente precisa se perguntar todo dia quando acorda: onde é que é o gol?

Muitas pessoas vivem suas vidas como se dopadas, chutando para todos os lados, sem nenhuma estratégia, contando apenas com a sorte. Elas acreditam que, uma hora dessas, de repente, quem sabe, a bola entrará. E, até que isso aconteça, esbanjam energia à toa.

“Goal”, em inglês, significa objetivo. Você deve ter um. Conquistar um cliente, ser o padeiro mais conceituado do bairro, melhorar a aparência, sair de uma depressão, ganhar mais dinheiro, se aproximar dos seus pais. Pode até ser algo mais simples: comprar as entradas para um show, visitar um amigo doente, trocar o óleo do carro, levar flores para sua mulher. Ou você faz sua parte para colocar a bola dentro da rede, ou seguirá chutando para as laterais, catimbando, sem atingir nenhum resultado.

Quase invejo quem tem tempo a perder: sinal de que é alguém irritantemente jovem, que ainda não se deu conta da ligeireza da vida. Já os veteranos não podem se dar ao luxo de acordar tarde, e, no caso, “acordar tarde” não significa dormir até o meio-dia: significa dormir no ponto, comer mosca. Não dá. Depois de uma certa idade, é preciso ser mais atento e proativo.

Parece um jogo estafante, nervoso, mas não precisa ser. O gol que você quer marcar talvez seja justamente aprender a ter um dia a dia mais calmo, mais focado em seus reais prazeres e afetos, sem estresse. É uma meta tão valiosa quanto qualquer outra. Só que não pode ser um “quem sabe”, tem que ser um gol feito.

Essa é a diferença entre aqueles que realizam as coisas e os que ficam só empatando.