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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Amor de Shakespeare... Morgana Fernandes



Reflexões sobre o AMOR... ou simplesmente Momentos Morganóides...

Fazia muito tempo que não lia Shakespeare e ontem a noite de súbito me deu uma vontade irresistível de degustar um pouco deste amor sem limites ou explicação.



Volto a pensar que o amor realmente é algo que não pode, nem deve ser explicado, quando começamos a medir as consequências, quando nos vemos buscando explicações ou formulas exatas, é sinal de que a “PAIXÃO AVASSALADORA”, que julgávamos ser “AMOR”, está começando a virar simples satisfação de uma possível carência ou uma aventura romântica qualquer...

Romeo e Julieta se amavam ao extremo, acima de tudo, incondicionalmente, independente do quanto esse amor transformaria suas vidas, mudaria seus destinos, então as vezes me pergunto:

 “Existe amor assim na vida real?”

Uma resposta óbvia e rápida me vem ao pensamento:

CLARO que existe, basta olhar ao redor, procurar bem e irá encontrar milhares de”Romeos e Julietas” por todos os cantos, pessoas que ainda acreditam no amor verdadeiro, que ainda dão as mãos e seguem juntos, apesar das dificuldades, apesar do mundo dizer o contrário, eles remam contra maré, desafiam o óbvio e fogem da mediocridade, eles não querem ser estatística, não se misturam nem se perdem em meio a multidão de desiludidos que corre o tempo todo atrás de algo que nem eles mesmos conseguem descrever.

Não precisamos morrer por amor como Romeo e Julieta, para viver o amor, mas não podemos nos perder no meio do caminho e esquecer que estamos neste mundo para amar, para viver amores, sejam eles fraternais, passionais, incondicionais ou irreais, precisamos viver por ele, viver através dele, como amor singelo de “Eduardo e Monica”, cantado por Renato Russo, não seriam eles Romeo e Julieta com uma nova cara?

“Quem um dia irá dizer que existe razão, nas coisas feitas pelo coração?”



Não existe razão nenhuma em amar, amar é totalmente irracional, é uma confusão de sentimentos tamanha, que preenche, que envolve, que transforma um ser humano comum em um ser especial, único, o amor nos torna melhores e até mesmo meio burros, uma burrice boa, inteligente é quem se entrega ao amor, faz tolices por causa dele, não tem medo de demonstra-lo, não tem medo de parecer piegas ou irracional.

E tudo isso me fez pensar um pouco o que ainda quero do amor... Já amei tanto e tão incondicionalmente, já chorei horrores, já fui ridícula como qualquer ser apaixonado, já pensei que amava e não amei, já pensei que conseguiria suportar a falta e não suportei, já voltei atrás, mas como diria Roberto Carlos: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi...”

Mas desculpe-me o REI, preciso discordar, o importante é que emoções eu VIVO e quero VIVER muitas mais, tantas quantas meu coração possa aguentar e uma certeza eu tenho, ele tem uma capacidade incrível, quanto mais amo, mais amor recebo mais amor quero dar, meu coração é viciado em amar, é uma relação de dependência mesmo, um vicio, por vezes confesso que tão nocivo quanto outros, mas dele não abro mão, sofrer por amor ainda é melhor opção considerando a alternativa viver SEM amor.

Toda relação que envolve entrega comprometimento, RELACIONAMENTO envolve dependência, essa que nós “mulheres modernas” odiamos sentir, que por vezes nos paralisa, nos faz pensar e analisar o que não deve ser analisado, amor é pra sentir, amor é pra doer, amor é pra sangrar e cicatrizar, AMOR É SIMPLESMENTE PARA AMAR...

E como recompensa de tanta confusão, pense se existe coisa melhor do que estar ao lado de alguém que faz todo o resto desaparecer e perder a importância? Quando uma presença te preenche de tal forma que nada mais te faz falta?

“Tudo bem eu sei, não podemos viver de amor, felizes em uma ilha deserta, uma pena... (risos)”

Mas EU ao menos, quero um amor assim, incondicional como Romeo e Julieta, real como Eduardo e Monica, quero flores, quero musica, quero poesia todos os dias recheada de muito carinho, quero luzes apagadas, quero velas pra criar mistério, quero o sonho da Cinderela, quero meu príncipe ou meu Ogro, quero meu cúmplice, meu parceiro, quero o que não tem nome, que não se chama; amante ou marido, namorado ou amigo, quero alguém que me faça ser mais e melhor do que jamais imaginei que poderia. Quero noites em claro conversando e olhando as estrelas, quero alguém pra chamar de MEU...


Ou então sendo bem sincera eu quero apenas o amor de Shakespeare:

“Quero ouvir a cotovia e desejar que seja o rouxinol,

Quero desejar boa noite até que amanheça o dia!!!



 Morgana Fernandes...

Romeo e Julieta - Cena V






Cena V
Uma sacada que dá para os
aposentos de Julieta, sobre o jardim.

JULIETA — Já vai embora? Mas se não está nem perto de amanhecer! Foi o rouxinol, não a cotovia, que penetrou o canal receoso de teu ouvido. Toda a noite ele canta lá na romãzeira. Acredita-me, amor, foi o rouxinol.

ROMEU — Foi a cotovia, arauto da manhã, e não o rouxinol. Olha, amor, as riscas invejosas que tecem um rendado nas nuvens que vão partindo lá para os lados do nascente. As velas noturnas consumiram-se, e o dia, bem-disposto, põe-se nas pontas dos pés sobre os cimos nevoentos dos morros. Devo partir e viver, ou fico para morrer.

JULIETA — Essa luz não é a luz do dia, eu sei que não é, eu sei. É só algum meteoro que se desprendeu do sol, enviado para esta noite portador de tocha a teu dispor, e iluminar-te em teu caminho para Mântua. Portanto, fica ainda, não... precisas partir.

ROMEU — Que me prendam! Que me matem! Se assim o queres, estou de acordo. Digo que aquele acinzentado não é o raiar do dia; antes, é o pálido reflexo da lua. Digo que não é a cotovia que lança notas melodiosas para a abóbada do céu, tão acima de nossas cabeças. Tenho mais ânsia de ficar que vontade de partir. — Vem, morte, e seja bem-vinda! Julieta assim o quer. — Está bem assim, meu coração? Vamos conversar... posto que ainda não é dia!

JULIETA — É dia sim, é dia sim. Corre daqui, vai-te embora de uma vez! É a cotovia que canta assim tão desafinada, forçando irritantes dissonâncias e agudos desagradáveis. Alguns dizem que a cotovia separa as frases melódicas com doçura; não posso acreditar, pois que ela vem agora nos separar. Alguns dizem que a cotovia é o odiável sapo permutam seus olhos; como eu gostaria, agora, que eles também tivessem permutado suas vozes! Essa voz alarma-nos, afastando-nos um dos braços do outro, já que vem te caçar aqui, com o grito que dá início à caçada deste dia. Ah, vai-te agora; ilumina-se mais e mais a manhã.

ROMEU — Ilumina-se mais e mais... enquanto anoitece em nossos corações!
(Entra a Ama.)
AMA — Madame!

JULIETA — Ama?

AMA — A senhora tua mãe vem vindo para os teus aposentos. Amanheceu. Sê prudente, cuida do que acontece à tua volta.
(Sai.)
JULIETA — Então, janela, deixe entrar o dia e deixe fugir a vida.

ROMEU — Adeus, adeus! Um beijo, e eu desço.
(Desce.)
JULIETA — Estás indo embora assim? Meu esposo, meu amor, meu amigo! Preciso ter notícias tuas todo dia, a cada hora, pois num único minuto cabem muitos dias. Ah, por essa contagem estarei velhinha antes de reencontrar o meu Romeu.

ROMEU — Adeus! Não perderei oportunidade em que possa transmitir a ti, amor, meus sentimentos.

JULIETA — Acreditas que nos veremos de novo?

ROMEU — Não duvido nem por um momento. E todas essas aflições servirão de tema para doces conversas em nosso futuro.

JULIETA — Ah, Deus! Como minha alma é agourenta. Penso ver-te, agora que estás aí embaixo, como alguém morto, no fundo de uma tumba. Ou meus olhos estão me enganando ou estás muito pálido.


ROMEU — Acredita-me, amor, enxergo-te igualmente pálida. A tristeza, insensível, nos bebe todo o sangue. Adeus, adeus!
(Sai, abaixo da sacada.)

Romeo e Julieta
~ William Shakespeare ~