quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

NOSSOS SONHOS FANTASIA... MORGANA FERNANDES


Você me disse verdades que eu precisava ouvir e nenhum outro jamais teve coragem de se quer pensar, olhando nos meus olhos invadiu e tocou fundo minha alma, quase amoleceu meu coração por tantas vezes leviano, meio de pedra, um tanto profano...
Mais ainda assim agradeço por ter tentado, agradeço por ter insistido, em verdade sabia que você não conseguiria, no fundo éramos muito parecidos, embora deliciosamente diferentes, não importa, agora nada mais importa, na verdade teriamos sido ótimos amigos, talvez se você não insistisse em me conquistar, talvez, se eu não insistisse em me entregar, talvez se você não insistisse em não se dar, talvez se eu não insistisse em tentar amar, fracassei em me entregar, e você, fracassou na arte de dominar...
Por um instante realmente achei que conseguiria, por um instante achei que você podia, num vago instante achei que você realmente queria, depois percebi que era só minha fantasia...
No final tudo que restou foram lembranças amarrotadas e desgastadas de um filme antigo, de uma história meio torta, de um quase romance, de um quase casal, de um quase amor...
Morgana Fernandes

Até O Fim - Engenheiros do Hawaii


Até O Fim
Engenheiros do Hawaii

Não vim até aqui pra desistir agora
entendo você se você quiser ir embora
não vai ser a primeira vez
nas últimas 24 horas
mas eu não vim até aqui pra desistir agora

minhas raízes estão no ar
minha casa é qualquer lugar
se depender de mim eu vou até o fim
voando sem instrumentosao sabor do ventose depender de mim eu vou até o fim
não vim até aqui pra desistir agoraentendo você se você quiser ir emboranão vai ser a primeira vezem menos de 24 horasmas eu não vim até aqui pra desistir agora

a ilha não se curva noite a dentro vida afora
toda a vida, o dia inteiro
não seria exagero
se depender de mim eu vou até o fim

cada célula, todo fio de cabelo
falando assim parece exagero
mas se depender de mim
eu vou até o fim

não vim até aqui pra desistir agora
não vim até aqui pra desistir

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A GENTE SE ACOSTUMA - MARINA COLASANTI

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não sejam as janelas ao redor.
E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa. E a fazer filas para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti

A maior solidão é a do ser que não ama - VINICIUS DE MORAES

A maior solidão é a do ser que não ama
A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
VINICIUS DE MORAES

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO - Carlos Drumond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)

 

Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

 

Soneto - William Shakespeare

Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
Beleza, Bem, Verdade’, eis o que exprimo;
‘Beleza, Bem, Verdade’, todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
‘Beleza, Bem, Verdade’ sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.
William Shakespeare
 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quem tem medo de Martha Medeiros?

Ao dobrar a esquina da Aníbal de Mendonça com Visconde de Pirajá vislumbrei a fila. Já chegava na esquina! Se inveja matasse eu teria caído ali mesmo, fulminado. Mas mantive a esperança de que houvesse algum engano. Não era possível, frequento a livraria da Travessa há anos, fica pertinho da minha casa, já fui a inúmeros lançamentos de livros ali, nunca vi uma fila alcançar a calçada.
E olha que aquela fila – aquela que eu mirava e me travava a boca com o amargor da inveja – não invadira apenas a calçada da livraria, que se situa no meio do quarteirão (o que já seria um feito inédito): a fila chegava na esquina! Metros e metros de gente amontoada e ávida! Felizes! Estavam na fila e sorriam ansiosos. Estariam vendendo ingressos para o show do Paul McCartney na livraria? Não. Promoviam uma sessão de autógrafos de Paulo Coelho? Da autora de Harry Potter? Não, não. Fotos com o Lula? Distribuição gratuita de dinheiro? Não e não e não.
Caminhei resoluto, a cabeça erguida, um esboço de sorriso sofrido desenhado nos lábios. Tentei avançar pela livraria lotada, me esgueirando entre os leitores felizes. Eu já sabia quem estava lá, no fundo do salão, sentada a uma mesinha, autografando seu novo livro. Ainda assim, quis ter certeza (ah, o masoquismo dos invejosos). Coloquei os óculos para enxergar à distância e lá estava ela, com seu jeitinho de Virginia Woolf brejeira. Sim, ela, minha querida amiga gaúcha (minha e de minha mulher, também fã incondicional e leitora assídua, que me acompanhava ávida e feliz, com seu exemplar devidamente acoplado embaixo do braço).
Minha amiga sorria e tratava de autografar um livro após o outro, sem deixar de tirar fotos e trocar algumas palavras com cada leitor. E então deu-se o milagre: a inveja, aos poucos, foi se transformando em carinho e admiração. O sorriso em meus lábios agora era franco e aberto. Não há escritora mais merecedora do sucesso do que Martha Medeiros, com sua obra consistente e popular, profunda e divertida, sensível e criativa e, acima de tudo, não afetada e nada metida a besta. Malu e eu chegamos às 19 horas na livraria, e orgulhosamente conseguimos nossos autógrafos por volta de meia-noite, os últimos da fila! E para meu espanto, que sempre considerei Martha uma escritora melhor compreendida pelas mulheres, havia ali hordas e hordas de homens. Hum…afinal, quem tem medo de Martha Medeiros?
Livros…
…  Fora de Mim, de Martha Medeiros. Corra à livraria mais próxima antes que o livro se esgote!
Por Tony Bellotto
 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A arte de envelhecer

 

A arte de envelhecer

 

Conta um jovem universitário que, no seu primeiro dia de aula, o professor se apresentou e pediu que todos procurassem conhecer alguém que não conheciam ainda.
 
Ele ficou de pé e olhou ao redor, quando uma mão lhe tocou suavemente no ombro. Deu meia volta e viu uma velhinha enrugada, cujo sorriso lhe iluminava todo seu ser.
 
Ela lhe falou sorrindo: "Oi, gato. Meu nome é Rose. Tenho oitenta e sete anos. Posso lhe dar um abraço?"
 
O moço riu e respondeu com entusiasmo: "Claro que pode!"
 
Ela lhe deu um abraço muito forte.
 
"Por que a senhora está na Universidade, numa idade tão jovem, tão inocente?" perguntou-lhe o rapaz.
 
Rindo, ela respondeu: "Estou aqui para encontrar um marido rico, casar-me, ter uns dois filhos, e logo me aposentar e viajar."
 
"Eu falo sério", disse seu jovem colega. "Quero saber o que a motiva a enfrentar esse desafio na sua idade."
 
Rose respondeu gentil: "Sempre sonhei em ter uma educação universitária e agora vou ter."
 
Depois da aula, ambos caminharam juntos, por longo tempo, e se tornaram bons amigos.
 
Todos os dias, durante os três meses seguintes, saíam juntos da classe e conversavam sem parar.
 
O jovem universitário estava fascinado em escutar aquela "máquina do tempo". Ela compartilhava com ele sua sabedoria e experiência.
 
Durante o curso, Rose se fez muito popular na Universidade. Fazia amizades onde quer que fosse.
 
Gostava de se vestir bem e se alegrava com a atenção que recebia dos outros estudantes.
 
Ao término do último semestre, Rose foi convidada para falar na festa de confraternização. Naquele dia, ela deu a todos uma lição inesquecível.
 
Logo que a apresentaram, ela subiu ao palco e começou a pronunciar o discurso que havia preparado de antemão. Leu as primeiras frases e derrubou os cartões onde estavam seus apontamentos.
 
Frustrada e um pouco envergonhada, se inclinou sobre o microfone e disse simplesmente:
 
"Desculpem que esteja tão nervosa. Não vou poder voltar a colocar meu discurso em ordem. Assim, permitam-me simplesmente dizer-lhes o que sei."
 
Enquanto todos riam, ela limpou a garganta e começou:
 
"Não deixamos de brincar porque estamos velhos; ficamos velhos porque deixamos de brincar.
 
Há alguns segredos para manter-se jovem, ser feliz e triunfar.
 
Temos que rir e encontrar o bom humor todos os dias.
 
Temos que ter um ideal. Quando perdemos de vista nosso ideal, começamos a morrer.
 
Há tantas pessoas caminhando por aí, que estão mortas, e nem sequer sabem!
 
Há uma grande diferença entre estar velho e amadurecer. Se vocês têm dezenove anos e ficam um ano inteiro sem fazer nada produtivo, se converterão em pessoas de vinte anos.
 
Se eu tenho oitenta e sete anos e fico por um ano sem fazer nada de útil, completarei oitenta e oito anos.
 
Todos podemos envelhecer. Não requer talento nem habilidade para isso. O importante é amadurecer, encontrando sempre a oportunidade na mudança.
 
Não me arrependo de nada. Nós, de mais idade, geralmente não nos arrependemos do que fizemos, mas do que não fizemos.
 
E, por fim, os únicos que temem a morte são os que têm remorso."
 
Terminou seu discurso cantando "A rosa". Pediu a todos que estudassem a letra da canção e a colocassem em prática em suas vidas.
 
Rose terminou seus estudos e, uma semana depois da formatura, morreu tranqüilamente, enquanto dormia.
 
Mais de dois mil estudantes universitários assistiram as honras fúnebres, para render tributo à maravilhosa mulher que lhes ensinou, com seu exemplo, que nunca é demasiado tarde para chegar a ser tudo o que se pode e deve ser.
 
* * *
 
O importante não é acumular muitos anos de vida, mas adquirir sabedoria em todos os momentos que os anos nos oferecem.
 
Afinal, envelhecer é obrigatório, amadurecer é opcional.
 
Pense nisso!
 

 

 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

VIDA






Se a vida fosse um baile, com certeza eu não seria aquela menina pacata, com olhar angelical, sentada em uma cadeira a noite inteira no canto do salão aguardando que o príncipe encantado, surgisse e a convidasse pra dançar, eu seria aquela que chegaria ao salão com um sorriso largo no rosto sem me preocupar com os olhares alheios e dançaria, dançaria além dos pés cansarem, dançaria além do som, além da noite, além da imaginação...
Morgana Fernandes

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O QUE TE FALTA???

TE DIGO MEU AMIGO QUE ESSE MOÇO,
É BOM MOÇO, TRABALHA E DE TODO ME AGRADA,
ME FAZ MULHER, ME COBRE DE CARINHOS E OUTROS MIMOS
SE FAZ PRESENTE E MESMO AUSENTE AINDA ME AFAGA,
 
ENTÃO AINDA ME PERGUNTAS MEU AMIGO, O QUE ME FALTA????
 
TE DIGO, QUE O QUEDE FATO ME FAZ FALTA,
É ESSA COISA QUE NÃO TEM NOME NEM EXPLICAÇÃO,
QUE PEGA DE JEITO E FAZ PERDER A RESPIRAÇÃO,
MEU AMIGO DESCONFIO QUE O QUE ME FAZ TANTA FALTA
É ESSA COISA QUE MUITOS OUSAM CHAMAR PAIXÃO...
E SEM ELA MEU AMIGO TE DIGO QUE A VIDA É TODA FALTA...
 
MORGANA FERNANDES
 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Mulher

Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.