segunda-feira, 28 de junho de 2010

Martha Medeiros - O viagra Feminino

MARTHA MEDEIROS
  • O viagra feminino
A disfunção sexual masculina é, geralmente, física, enquanto que a da mulher é cerebral e emocional

Ainda não será desta vez que a pílula cor-de-rosa, contraponto ao comprimido azul que revolucionou a vida sexual de homens com disfunção erétil, será comercializada. O nosso viagra feminino, produzido a partir da droga flibanserin, prometia facilidade de lubrificação e maior interesse sexual da mulher, mas apresentou efeitos colaterais indesejáveis, como depressão, tontura e desmaios, e não foi aprovada pelo FDA, órgão americano que aprova e fiscaliza remédios e alimentos.

Analisando superficialmente, talvez isso confirme a velha máxima de que os homens são simples e as mulheres complicadas, ao menos quando se trata de sexualidade. E a razão é óbvia: a disfunção sexual masculina é, geralmente, física, enquanto que a da mulher é cerebral e emocional. Sem relaxamento, sem auto-estima, sem romantismo e com a cabeça pilhada de preocupações, como ficar predisposta ao prazer?

Dizem que antes do movimento feminista, a qualidade das relações era insatisfatória por causa da repressão machista. Será? Nunca esqueço de uma tia minha que, do alto dos seus quase 80 anos, uma vez disse que essa história de mulher não ter orgasmo era coisa da modernidade, no tempo dela todo mundo tinha orgasmo e ninguém perdia tempo com essa conversa. Faz sentido. O fato de hoje sermos donas do próprio nariz e demais partes do corpo ainda não nos tornou maduras o suficiente para relativizar essa cobrança de agir feito uma bombshell, a mulher explosiva e infalível. Recebemos tantas referências de símbolos sexuais e escutamos tantos depoimentos pretensamente verídicos a respeito de noitadas das arábias que acabamos por nos sentir sempre abaixo da expectativa. Mulher brocha também. Brocha mais pelo excesso de informação do que pela falta dela. É um avanço sermos livres e independentes, mas ainda precisamos aprender a obedecer apenas ao próprio desejo, e não ao desejo globalizado que invadiu o quarto de todas nós.

Não estou querendo dizer com isso que a disfunção sexual feminina seja um mito. É uma realidade para inúmeras mulheres, e para tratá-la existem desde géis vasodilatadores até excelentes psicoterapeutas, e a pílula cor-de-rosa um dia há de ajudar também. Mas creio que, para se manter ativa e feliz, o ideal ainda é se sentir amada e desejada por um homem com quem se tenha afinidade física e, principalmente, deixar de se pautar pelas pesquisas que decretam quantas vezes e de que forma os casais “normais” transam. O que está nos deprimindo, cansando e inibindo é essa idolatria do orgasmo, esse campeonato aberto de quem exibe o maior potencial erótico. É muita tensão pra pouco tesão.
 

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Culpa Zero... Martha Medeiros


Culpa Zero... Martha Medeiros
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.
Autora: Martha Medeiros
 

A vida sem rodinhas - Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • A vida sem rodinhas
Quando é que sabemos que estamos aptos a andar por nossa conta?

Lembro que nos momentos importantes da infância, e também nos desimportantes, meu pai estava sempre a postos empunhando uma máquina fotográfica. A consequência disso? A cada gaveta que eu abro aqui em casa, jorram fotos diversas, sem contar as que estão confinadas em álbuns e porta-retratos. Dessas tantas, há uma pela qual tenho um carinho especial: é uma foto em que estou andando de bicicleta, aos 5 ou 6 anos de idade. Naquele dia eu andei sem rodinhas pela primeira vez. Dei várias voltas sem cair, até que meu pai clicou o flagrante: a pirralha com a maior cara de vencedora, dona do campinho, se achando. Eu realmente estava degustando aquela vitória. Se a foto tivesse legenda, seria: Viu?.

As rodinhas são uma base protetora para iniciantes, uma segurança para quem ainda não tem domínio da coisa. Que coisa? Qualquer coisa. Me corrija se eu estiver errada: a gente usa rodinhas até hoje.

Quando se escreve um livro, por exemplo, as rodinhas são a parte não ficcional, o sentimento de verdade, vivido, com o qual a gente ampara a ficção.

Quando se tem um filho, as rodinhas são a herança da educação que nossos pais nos deram, a parte hereditária que, mesmo questionada, sustenta nossas primeiras decisões.

Quando nos apaixonamos, as rodinhas são a repetição de certos clichês, a apresentação dos nossos ideais e certezas, mesmo sabendo que em breve entraremos em terreno movediço, desconhecido.

Quando se aceita um emprego, as rodinhas são a nossa experiência anterior, o que facilita a arrancada, mas depois é preciso andar sozinho.

Sempre chega a hora de tirar as rodinhas. Medo e êxtase.

Viver sem elas torna tudo mais perigoso, vulnerável, e ao mesmo tempo, emocionante. Nos faz voltar a ser crianças: será que estou agindo certo, será que não estou indo rápido demais, ou lento demais? Atenção: lento demais, cai.

É preciso saber viver sem um suporte contínuo, para que se possa firmar o próprio caráter. Quem não sai da barra da saia da mãe, nunca consegue se equilibrar sozinho. Quem não solta a mão do pai, não vira homem.

Não se trata de dispensar amor. Estamos falando de rodinhas, lembre. Apoio.

Quando é que sabemos que estamos aptos a andar por nossa conta? Se o assunto é bicicleta, aos 5, aos 6, aos 7, até aos 10 anos, dependendo do ritmo e da estabilidade de cada um.

Quando se trata da vida, também depende. Mas usá-las para sempre te impedem de sentir o gostinho de conseguir, de vencer, de atingir suas metas por si só.

Te impedem de perguntar: “Viu?”.

Permita que os outros vejam o quanto você pode.
 
 
 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Martha Medeiros - Onde fica o GOL? - Sensacional!!!

Lendo este texto da Martha, parei pra pensar a respeito de muitas coisas e ao invés de simplesmente copia-lo e colar aqui no blog, como sempre faço com todos os textos que julgo valido, resolvi que este texto merecia uma reflexão mais profunda a respeito, gosto das entrelinhas, dos detalhes, sendo assim, seguem meus comentários a respeito:
 
Saber pra onde ir, saber exatamente pra qual lado seguir é muito mais importante do que ter a certeza de chegar, quando o jogo começa por melhor que o time seja, nunca temos a certeza do gol, mas os jogadores sempre sabem pra que lado do campo devem correr, pra que lado devem chutar a bola, pra chegar no tão sonhado gol, a bola balançando a rede adversária, uma emoção fantástica, satisfação, superação, deve cumprido? Não o jogo tem dois tempos, um gol significa a consagração de uma jornada, uma etapa cumprida, o inicio de uma busca maior, mas temos que concordar que só acerta a rede quem consegue enxerga-la, quem é capaz de chutar na direção certa, podemos bater na trave, chutar por cima, pelo lado, bater no zagueiro adversário, sermos bloqueados, tropeçarmos, cairmos, podem acontecer milhares de coisas que atrapalhem o tão esperado GOL, mas se chutarmos na direção certa, se o fizermos com determinação e afinco, uma hora a bola entra, não importam os gols perdidos, as chances desperdiçadas, o importante é jogar, competir, estar na briga, mas o mais importante é saber onde se quer chegar, e a emoção de um GOL é única, por isso envolta nesse clima de patriotismo e copa do mundo, eu penso que quero encarar meus dias de hoje em diante como um jogo de final de copa do mundo, onde mesmo depois de jogar o campeonato inteiro, passando muitos momentos no banco de reservas, enfim tenho minha chance de jogar e justamente nos pênaltis da final, onde ganhar ou perder depende única e exclusivamente da minha capacidade de chutar a bola na direção certa e fazer as redes balançarem e ter aquela sensação única e indescritível de marcar um GOL...
 
 
MARTHA MEDEIROS
Onde fica o gol?
Em função da mobilização com a Copa do Mundo, andei me lembrando de uma conversa que tive com um amigo, anos atrás. Ele liderava uma equipe numa agência de publicidade e trabalhava em ritmo alucinado. No decorrer do papo, ele desabafou dizendo que era difícil conviver com colegas que não sabiam para que lado ir, o que fazer, como agir, e que por causa dessas incertezas perdiam tempo e faziam os outros perderem também. E exemplificou: “Sabe por que eu sempre gostei do Pelé? Porque o Pelé pegava a bola em qualquer lugar do gramado e ia com ela reto para o gol. Ele sabia exatamente para onde tinha que chutar”.

– Isso que você nem é muito fã do esporte – comentei.

– Pois é, não jogo futebol, mas tenho alma de artilheiro: entro em campo e já saio perguntando onde é que é o gol. É pra lá? Então é pra lá que eu vou, sem desperdiçar meu tempo, sem ficar enfeitando.

Taí o que a gente precisa se perguntar todo dia quando acorda: onde é que é o gol?

Muitas pessoas vivem suas vidas como se dopadas, chutando para todos os lados, sem nenhuma estratégia, contando apenas com a sorte. Elas acreditam que, uma hora dessas, de repente, quem sabe, a bola entrará. E, até que isso aconteça, esbanjam energia à toa.

“Goal”, em inglês, significa objetivo. Você deve ter um. Conquistar um cliente, ser o padeiro mais conceituado do bairro, melhorar a aparência, sair de uma depressão, ganhar mais dinheiro, se aproximar dos seus pais. Pode até ser algo mais simples: comprar as entradas para um show, visitar um amigo doente, trocar o óleo do carro, levar flores para sua mulher. Ou você faz sua parte para colocar a bola dentro da rede, ou seguirá chutando para as laterais, catimbando, sem atingir nenhum resultado.

Quase invejo quem tem tempo a perder: sinal de que é alguém irritantemente jovem, que ainda não se deu conta da ligeireza da vida. Já os veteranos não podem se dar ao luxo de acordar tarde, e, no caso, “acordar tarde” não significa dormir até o meio-dia: significa dormir no ponto, comer mosca. Não dá. Depois de uma certa idade, é preciso ser mais atento e proativo.

Parece um jogo estafante, nervoso, mas não precisa ser. O gol que você quer marcar talvez seja justamente aprender a ter um dia a dia mais calmo, mais focado em seus reais prazeres e afetos, sem estresse. É uma meta tão valiosa quanto qualquer outra. Só que não pode ser um “quem sabe”, tem que ser um gol feito.

Essa é a diferença entre aqueles que realizam as coisas e os que ficam só empatando.
 
 

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Um namorado a essa altura? - Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • Um namorado a essa altura?
Pois é o que se vê por aí: namorados de 47, 53, 62 anos, todos veteranos no papel de novatos

Quem é que tem namorado, namorada? Garotada. Antes de casar, de constituir família e cumprir com toda a formalidade, namora-se, e o verbo é de uma delícia de matar de inveja, namorar, experimentar, entrar em alfa, curtir, viajar, brigar, voltar, se vestir pra ele, se exibir pra ela, telefonar, enviar torpedos, dar presentinhos, apresentar mãe, pai, amigos, ocultar ex-ficantes, declarar-se, agarrar-se no cinema, não ter grana para morar junto, ausência dolorosa, ver-se de vez em quando, um dia tem faculdade, no outro se trabalha até mais tarde, quando então? Amanhã à noite, marca-se, aguarda-se. Namorados. Que fase.

Depois vem o casamento, os filhos, as bodas e aquela coisa toda. Dia dos namorados vira pretexto para mais um jantar num restaurante chique, onde se pagará uma nota pelo vinho. Depois dos 3.782 “te amo” já trocados, mais um, menos um, o coração já não se exalta. Deita-se na mesma cama, o colchão já afundado, transa-se no automático, renovam-se os votos e segue o baile, amanhã estaremos de novo juntos, e depois de amanhã, e depois de depois, até os 100 anos. Casados. Bem casados.

Mas namorado, não. Namorar tem frescor, é amor estreado, o choro trancado no quarto, o presente comprado com os trocados, os porta-retratos, os malfadados bichinhos de pelúcia, as camisinhas e todos os cuidados, os “pra sempre” diariamente renovados, namorados. Cada qual no seu quadrado.

Pois outro dia vi uma mulher de 56 anos dar um depoimento engraçado. Disse ela: “Já fui casada, hoje tenho filhos adultos, um netinho e um namorado, e me sinto quase retardada. Difícil nessa idade dizer que o que se tem não é um marido, nem mesmo um amante. Que outro nome posso dar a esse homem que vejo três vezes por semana, que me deixa bilhetinhos apaixonados e me liga para dar boa noite quando não está ao meu lado?”

Minha senhora, é um namorado. Por mais fora de esquadro.

Como apresentá-lo, ela que já não usa minissaia, nem meia três quartos, e que já possui um imóvel quitado? Ele grisalho, ex-surfista, hoje meio alquebrado: um namorado?

Pois é o que se vê por aí: namorados de 47, 53, 62 anos, todos veteranos no papel de novatos. Começando tudo de novo, depois de tanto já terem quebrado os pratos. Eles, livres como pássaros. Elas, coração aos pulos, depilação em dia, sem tempo para os netos: vovó tem direito a uma volta ao passado.

O que poderia ser constrangedor agora é um fato. Namora-se antes do casamento, e depois. Com a vantagem de os namoros da meia-idade dispensarem ultimatos.
 
 
 
 
 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

TOPO DO MONTE - MORGANA FERNANDES

Só cai quem se arrisca a subir, e em uma destas tentativas você pode ficar lá no topo...
 
Li essa frase no dia de hoje e parei pra pensar a respeito da mesma, eu pessoalmente tenho uma séria dificuldade em arriscar-me, me atirar sem medo, sem pestanejar, sem titubear, me atirar ao completo desconhecido, penso, medito, mas no final sempre acabo cedendo à tentação do inesperado, e posso dizer por experiência de alguém que quase sempre acaba caindo, a sensação da subida, o caminho até o topo é fascinante, é envolvente, desperta sentimentos tão incríveis que nem a queda repentina e sem nenhum tipo de rede de proteção, muito menos pára-quedas é capaz de ofuscar a delicia da escalada, o caminho até o topo do monte, a paisagem ao longo do caminho, os desafios superados, cada conquista, cada próximo passo é emocionante, tem sabor de liberdade, tem sabor de amor, de paixão, de encantamento e fascinação.
 
Cada passo ao longo do caminho deve ser valorizado e aproveitado, não como um simples passo, mas sim como uma parte da recompensa por estar caminhando, e se no meio do caminho perceber que pegou o atalho errado, se não gostar do que encontrar a frente, basta lembrar que a 500 metros, ou no máximo 1 km sempre haverá um retorno que o levará de volta a algum ponto da estrada em que você percorria.
 
Esse texto nem parece meu, parece meio auto-ajuda, meio clichê talvez, mas a vida em muitas coisas deve ser clichê, até eu sou clichê e tradicional muito mais do que as pessoas imaginam muito mais do que eu mesma imagino.
 
A vida está cheia de coisas clichês, tradicionais e regradas, mas que nos trazem sensações fantásticas, únicas e reveladoras, olhar ao redor, olhar com os olhos da alma, sentir cada passo dado, valorizar cada beleza encontrada, fechar os olhos e enxergar sentindo, só assim somos capazes de ter a percepção exata do que nos rodeia, a vida é simples, ser feliz é simples, o amor é simples, a amizade é simples, chegar ao topo do monte e permanecer lá pode ser muito simples, desde que saibamos curtir o prazer da escalada, encarar cada passo dado como um acontecimento único, e quando enfim chegar, você vai perceber que o topo do monte não é o fim da escalada, o topo do monte é o ponto de partida para escaladas ainda maiores, o topo do monte é cada passo dado, o topo do monte é todo dia, o topo do monte pode ser finito ou infinito, depende de cada um, podemos subir todos os dias, podemos simplesmente parar, e ainda assim estar todos os dias no topo do monte, e quando cairmos ainda assim estaremos caindo no topo do monte, não olhe para o abismo abaixo de seus pés, olhe para as nuvens, veja as estrelas, olhe ao redor, veja beleza, felicidade e amor, não tenha medo da escuridão do abismo, veja a beleza do luar, MUDE A DIREÇÃO DO SEU OLHAR...
 
Impossível é tudo aquilo que nunca foi tentado!!!
 
Morgana Fernandes... 10/06/2010
 

terça-feira, 8 de junho de 2010

Feche os olhos... Morgana Fernandes

Como ultimo pedido de uma antiga amante...
 
Peço-te que apenas feche os olhos,
 
Vamos viver este presente???
 
Ouça o som da minha voz distante,
 
Sinta meu perfume suave,
 
Vamos fazer como antigamente???
 
Fazer de conta que tudo que aconteceu fosse sombra de um passado errante
 
Como se o tempo tivesse parado naquele momento mágico,
 
Mais insisto!
 
Feche seus olhos nesse instante
 
Deixe pra trás nosso lado trágico
Sinta minha mão leve na tua nuca quente,
 
Meus olhos brilhando ao encontrar os teus sorridentes
 
E no silêncio nostálgico envoltos na magia deste toque
 
Apenas ouça não mais minha voz suave e distante,
 
Ouça aquilo que não mais vejo,
 
Ouça,
 
Apenas o som de nossos corações descompassados
 
Explodindo de desejo
 
Quando enfim teus lábios encontram os meus
 
Na loucura do derradeiro BEIJO...
 
Morgana Fernandes 08/06/2010
 

Qual o meu papel???

Qual o meu papel???
 
Em certos momentos a impressão que tenho é que estou sempre visitando os mesmo lugares, andando pelas mesmas ruas, parada no mesmo lugar, como se algo me suspendesse no ar, como se em certos instantes a vida fosse passando diante de meus olhos e eu pudesse apenas observar, como se me roubassem o personagem em minha própria vida, as situações vão se repetindo, e quando percebo o texto é sempre o mesmo, mudam os atores, mudam os cenários, muda o figurino a maquiagem, muda tudo, apenas eu estou sempre ali, parada, perplexa, tentando entender porque mesmo a história começando de maneiras diversas, os finais são sempre iguais, a angustia o desespero a solidão tudo se repete num ciclo quase vicioso e enlouquecedor, porém o fim é sempre inevitável, e eu vou ficando, ficando, ficando, distante, alheia, sozinha...
 
Sinto como se apenas fizesse participações especiais na minha própria vida, aparições relâmpago, talvez porque eu cometa os mesmos erros, talvez porque eu faça as mesmas escolhas, talvez, talvez sempre talvez porque não importa o que eu faça ou diga, ou fale, não importa como eu aja, nunca consigo mudar o ultimo ato...
 
Passo do êxtase da paixão eterna, do encantamento mágico, do: “felizes para sempre” ao mais absoluto desprezo e abandono, os sonhos viram pesadelos, a magia da paixão se transforma em indiferença e desilusão, o felizes para sempre se converte em um simples adeus...
 
Como cobrar um amor prometido e não entregue? Como exigir que as promessas sejam cumpridas? Que a paixão seja vivida? Que os planos, os sonhos, as viagens, as manhãs de domingo, as noites chuvosas de inverno, como fazer com que tudo que justificava a existência desse sentimento, tudo que fazia amar, tudo que fazia acreditar, de repente se foi, como, como???
 
E enfim no final de cada ato me sinto como se eu escrevesse a peça, montasse o cenário, conseguisse o patrocínio, produzisse, dirigisse e participasse de todos os ensaios como a grande protagonista, porém quebrasse a perna quando estivesse subindo as escadas do palco no dia da estréia e sem escolha alguma fosse forçada a assistir ao espetáculo, escondida atrás das cortinas, vendo o personagem da minha vida ser interpretada por outra atriz que de pára-quedas, recebe todas as flores, os aplausos, os prêmios e enfim eu me encontre esquecida e imóvel, presa, porém não obstante, fosse obrigada a simplesmente aceitar sem escolha, minha incapacidade de interpretar o papel que escrevi meu próprio papel no espetáculo que era pra ser a minha vida!!!
 
Morgana Fernandes – 08/06/2010
 

Cartas de amor não enviadas...

Escrevendo o amor...
 
Sempre me disseram que escrevendo sou melhor com meus sentimentos, lido melhor com eles, sendo que quando os traduzo em palavras coloco no papel, sempre me entendem melhor, tenho tempo de organizá-los e dar forma a eles, junto palavras, construo frases que acabam em textos, cheios de tudo que tenho de mais raro em mim, textos que demonstram o que realmente sinto, como realmente sou, mas até hoje não tinha escrito nada a respeito de nós, não tinha escrito nada pra você, nada sobre a gente, sobre esse amor gostoso que a gente viveu, esse sentimento seguro, sereno, tranqüilo, esse sentimento que fez tão bem ao meu coração, que me fez romper barreiras, abandonar meus traumas, deixar de lado meus medos e minhas recusas, esse amor que foi crescendo devagar, que foi tomando forma, ao qual rejeitei por algum tempo, não queria acreditar que estava acontecendo comigo, tentei não me envolver, fingi que não fazia diferença, mas enfim de forma intensa e rara, me entreguei a ele, me entreguei a você, me entreguei ao amor, ao desejo, me entreguei de corpo e alma, porque passei a acreditar nesse sentimento, passei a querer ele pra mim, tivemos momentos únicos, sensações que jamais havia presenciado, momentos intensos e incríveis, mágicos que revelaram muito a respeito de mim mesma, muito a respeito do que quero de fato pra minha vida, para o meu futuro, você despertou em mim, a vontade de ter um lar e não somente uma casa, um companheiro no lugar de uma paixão, você despertou em mim o desejo de ser novamente família e não individuo, de fazer planos, de construir sonhos a dois, de reconstruir laços que eu havia cortado definitivamente, sonhos que eu havia jurado a mim mesma que jamais voltaria a ter, você com seu jeito carinhoso, meio frio algumas vezes é verdade, me acolheu nos teus braços e me deu um porto seguro, e de repente eu quis ser cuidada por você, eu quis ser sua mulher, eu quis cuidar de você, eu quis sonhar com você, tudo perfeito? Deveria estar, deveríamos estar vivendo um amor único e verdadeiro, desses que só se encontra uma vez na vida, mas eu tremi, eu tremi feio, me amedrontei e deixei esse medo tomar conta de mim, o medo de sofrer, o medo de errar, o medo de amar, o medo de esperar e me sentir dependente de algo que não dependia só de mim, e deixei que esse medo covarde que tomou conta de mim, me fizesse recuar, querer fugir, e eu errei, falei o que não sentia, entendi tudo errado, e te magoei, de um jeito que não sei como reparar, me perco quando te vejo, porque o desejo de ter de volta todo aquele amor tranqüilo, sublime, que preenchia meus dias e dava paz ao meu coração é tão grande, que só faço bobagem, fico ansiosa, nervosa, medrosa, te deixo inseguro e estrago tudo, te vejo escapar das minhas mãos, te vejo me tirar aos poucos do teu coração... Descobri do jeito errado, mas descobri, eu te amo, eu te quero e tenho certeza que posso te fazer feliz, que juntos podemos construir uma vida, um lar e criar nossos filhos e talvez um dia quando estivermos mais maduros e seguros, quem sabe até queiramos ter um outro filho, ter nossa família construir nossos sonhos, apoiar um ao outro e encontrar a tão esperada felicidade o sossego que tanto merecemos a paz de espírito, enfim o AMOR.
 
Escrevi tudo isto, não para te pedir pra voltar pra mim, não pra tentar te comover, nem pra te convencer de nada, mas pra te mostrar um pouco sobre mim, sobre o que penso de nós e sobre o amor que sinto por ti, se algo te tocar e quiseres me escrever, vou ficar muito feliz, se achares que não deves, que não queres me dizer nada, vou respeitar também, mas precisava te dizer tudo isso assim, de forma calma e clara, derramando meus sentimentos no papel, que acho que sempre foi e sempre será a melhor tradução deles...
 
Amo o jeito que você me olha, amo o jeito que você me beija, amo o jeito que você me cheira, me toca, me nota, amo até o jeito que você me odeia, e saiba que prefiro brigar com você a receber flores ou fazer amor com outro qualquer, tivemos bons e não tão bons momentos juntos, mas lembro de tudo com muito carinho e tenho em mim que essa história não deveria ter um FIM...
 
Espero que você encontre suas respostas, antes que meu coração se feche e em tempo de sermos muito felizes juntos...
 

A elegância do conteúdo - Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • A elegância do conteúdo
 
Pouco valerá se formos uma nação de medíocres com dinheiro

De ferramentas tecnológicas, qualquer um pode dispor, mas a cereja do bolo chama-se conteúdo. É o que todos buscam freneticamente: vossa majestade, o conteúdo.

Mas onde ele se esconde?

Dentro das pessoas. De algumas delas.

Fico me perguntando como é que vai ser daqui a um tempo, caso não se mantenha o já parco vínculo familiar com a literatura, caso não se dê mais valor a uma educação cultural, caso todos sigam se comunicando com abreviaturas e sem conseguir concluir um raciocínio. De geração para geração, diminui-se o acesso ao conhecimento histórico, artístico e filosófico. A overdose de informação faz parecer que sabemos tudo, o que é uma ilusão, sabemos muito pouco, e nossos filhos saberão menos ainda. Quem irá optar por ser professor não tendo local decente para trabalhar, nem salário condizente com o ofício, nem respeito suficiente por parte dos alunos? Os minimamente qualificados irão ganhar a vida de outra forma que não numa sala de aula. E sem uma orientação pedagógica de nível e sem informação de categoria, que realmente embase a formação de um ser humano, só o que restará é a vulgaridade e a superficialidade, que já reinam, aliás.

Sei que é uma visão catastrofista e que sempre haverá uma elite intelectual, mas o que deveríamos buscar é justamente a ampliação dessa elite para uma maioria intelectual. A palavra assusta, mas entenda-se como intelectual a atividade pensante, apenas isso, sem rebuscamento.

O fato é que nos tornamos uma sociedade muito irresponsável, que está falhando na transmissão de elegância. Pensar é elegante, ter conhecimento é elegante, ler é elegante, e essa elegância deveria estar ao alcance de qualquer pessoa. Outro dia conversava com um taxista que tinha uma ideia muito clara dos problemas do país, e que falava sobre isso num português correto e sem se valer de palavrões ou comentários grosseiros, e sim com argumentos e com tranquilidade, sem querer convencer a mim nem a ninguém sobre o que pensava, apenas estava dando sua opinião de forma cordial. Um sujeito educado, que dirigia de forma igualmente educada. Morri e reencarnei na Suíça, pensei.

Isso me fez lembrar de um livro excelente chamado A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery, que conta a história de uma zeladora de um prédio sofisticado de Paris. Ela, com sua aparência tosca e exercendo um trabalho depreciado, era mais inteligente e culta do que a maioria esnobe que morava no edifício a que servia. Mas, como temia perder o emprego caso demonstrasse sua erudição, oferecia aos patrões a ignorância que esperavam dela, inclusive falando errado de propósito, para que todos os inquilinos ficassem tranquilos – cada um no seu papel.

A personagem não só tinha uma mente elegante, como possuía também a elegância de não humilhar seus “superiores”, que nada mais eram do que medíocres com dinheiro.

A economia do Brasil vai bem, dizem. Mas pouco valerá se formos uma nação de medíocres com dinheiro.
 

Sons que confortam... Martha Medeiros

MARTHA MEDEIROS
  • Sons que confortam
O choro na sala de parto, o primeiro “eu te amo”, o barulho forte da chuva quando você está no quentinho da sua cama...

Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio.

Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou.

E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.

Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos minutos.

O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.

O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante.

O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama.

Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim.

O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.

O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.

A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho.

O sinal da hora do recreio.

A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.

O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos.

O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.

E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
 

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Cartas de amor não enviadas...

Cartas de amor não enviadas...
 
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De um jeito bem clichê eu gostaria de lhe dizer...
 
Assim como nenhum pássaro voa em vão, tudo que acontece, sempre acontece por alguma razão... Embora muitas vezes, demoremos certo tempo pra entender a razão pela qual a vida seguiu seu rumo de maneira tão inesperada, alheia a nossa primária vontade, fugindo de nossos planos, saindo do nosso controle, porque tantas vezes perdemos as rédeas da situação o comando e a razão, mas digo que certos acontecimentos e pessoas, não foram feitas para serem compreendidas, algumas apenas amadas, outras ignoradas, outras ainda, o melhor é não ter a exata certeza do que se sente por elas, do que se espera delas, pessoas, pessoas e PESSOAS, cada uma com seus momentos, momentos secretos, momentos incertos, momentos confusos, momentos escusos, alguns para eternidade, outros só de felicidade, de tudo ainda penso que o mais importante é a certeza inquestionável, de que nenhum sonho é impossível e que o mundo? Ah o mundo doce e adorável mundo, esse sim dá muitas voltas, muda instantaneamente de direção, porém sem sair de sua natural rotação...
 
Algumas coisas simplesmente acontecem, ou até, não tão simplesmente quanto imaginamos, mas inconscientemente elas acontecem porque um dia fizeram parte de nosso inconsciente mais que consciente desejo, quem passa nunca passa em vão e andorinha sozinha não faz verão, no máximo ela é capaz de cativar outras para que a acompanhem nem que seja por uma única estação...
 
Quero sempre poder te ter por perto... Você é minha fonte de inspiração...
 
Cada dia mais me convenço de que gosto mesmo é dos amores platônicos, eles são livres de qualquer tipo de angustia e sofrimento...
 
Pensar em você traz luz aos meus olhos e sorriso à minha boca, me deixa assim, sonhando acordada, flutuando sob as nuvens, como uma noite de lua cheia, como um por do sol no mar, uma magia impossível de traduzir em palavras, mas que transborda no doce gosto do teu beijo, para enfim em teu peito encontrar a paz, a paz que só tua presença me traz, a paz que procuro, e apenas queria que você soubesse que independente de qualquer coisa, independente de quanto tempo leve para as cicatrizes se fecharem, você sempre será importante, fundamental, essencial, pois você fez nascer em mim, um coração de mulher, um coração frágil, porém capaz de amar e se entregar, se deixar cuidar, antes eu me orgulhava de saber exatamente o que eu não queria esperar do amor, ou simplesmente que eu não queria ou deveria esperar pelo amor, hoje tenho a certeza de como é o amor que quero e que pra viver de novo este amor, ah por este amor eu espero...
 
Morgana Fernandes...