segunda-feira, 29 de abril de 2013

“O homem é a nova mulher" - M DE MULHER

Essa foi a declaração bombástica que um amigo gay meu proferiu na mesa do bar esse final de semana. Ele, na verdade, estava reproduzindo a frase que ouviu de outra amiga, dias antes.

Foi tipo uma epifania, a frase abriu um clarão na minha mente. Ainda surpresa com a conclusão, postei a frase no meu Facebook.

Causou impacto.

Em poucos minutos, mais de 15 amigos tinham curtido e outros tantos tinham comentado.

As histórias por trás dessa frase? Várias. Carol me conta que conversa horas e horas por dia com um pretendente no MSN, cheia de intimidade, mas o cara nunca a chama para sair. E ela já cansou de dar indiretas! Já Lúcia que está cansada de sempre ter que ser a escolher o programa da noite com o namorado. A linda Julia ficou solteira recentemente. Ao voltar "pra pista" ficou surpresa quanto tempo teve que olhar para o primeiro cara que ficou na balada, até ele entender que ela estava a fim. "Eles parecem inseguros demais! Será que vou ter que chegar neles, agora?", me perguntou. Já Letícia reclamou que está louca para transar com o "ficante". Os dois já saíram mais de cinco vezes e nada. Cansada de esperar, decidiu mandar uma mensagem mais direta sobre isso para o cara. Ele disse que não queria "se precipitar". Oi?

No clipe "If I Were a boy", Beyonce "troca" de lugar com o namorado

Tempos atrás, outro amigo – esse bem hetero -soltou outra pérola, depois de ouvir algumas das minhas ultimas histórias de relacionamentos:  "o homem não sabe como agir com a mulher moderna". Depois que ele me falou isso, comecei a observar as minhas relações e das amigas ao redor. É bem verdade. Estamos mais diretas e sabemos mais o que queremos da vida, da carreira e, claro, dos relacionamentos. E nem sempre isso é romance e, especialmente, enrolação.  Estamos cada vez mais práticas e cada vez menos "mulherzinhas indefesas". E isso, claro, deixa os homens perdidos.

O que você acha dessa teoria?

 

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/blogs/taca-em-y/give-love-get-love/o-homem-e-a-nova-mulher/

SOBRE OGROS E HOMENS - HOMENS E OGROS...

Um Ogro pra chamar de meu...

Homens e Ogros , uma semelhança incrível..


Somos destinadas a acreditar em príncipes de contos de fadas, mas eu no auge dos meus 30 anos, ainda prefiro os Ogros,
Os chamados príncipes são chatos, insensíveis ou extremamente sensíveis, egoístas, egocêntricos, imagina a bela adormecida, quanto tempo ficou lá na floresta esperando pelo tal príncipe e a branca de neve?

Pensem na Rapunzel que teve que emprestar os cabelos para que ele conseguisse alcança-la, agora vejam o lindo Shrek, tinha um objetivo maior além de ser o cara que ia ganhar a princesa, ele defendia seu pântano, seu território o amor pela Fiona aconteceu por consequência...

Obra do DESTINO porque não dizer?




Ogros são inteligentes, se preocupam com você, não brigam por espaço na frente do espelho,
são HOMENS te protegem, mas também te mostram a realidade.




Te apoiam, mas também te criticam quando você está errada, te olham encantados como se você fosse uma joia única e rara,
lhe brindam com seus melhores sorrisos e te fazem rir, de um jeito meio estranho e por vezes mau educado até...

Te carregam no colo e te levam para outros mundos...



Trabalham com muita dedicação....



Se preocupam com você, lembram de você e do jeito simples e bruto deles,
fazem com que você se sinta especial a cada novo dia...




Enfrentam o mundo com você e por você...


Tenha calma, não discorde nem concorde, as vezes eles só precisam desabafar,
É como um chamado da natureza...




Enfim como diria o próprio Shrek, Ogros são como cebolas e possuem camadas, não são todos que gostam de cebola,
Não são todos que conseguem descasca-las e suportar as lagrimas, mas aos que se atrevem, aos que não desistem dessa natureza bruta e aparentemente insensível, fica a surpresa, a descoberta de que estes seres tão singulares, por vezes solitários, estranhamente sinceros, são também extremamente doces, sensíveis, românticos, delicados, protetores e nos fazem verdadeiras princesas ou Ogras, tanto faz...



Mas não precisam virar príncipes, pois a magia consiste no fato de serem OGROS,
tentar muda-los é um erro, aceita-los e compreende-los um presente...


Ama-los uma dadiva da alma...


Não são belos, não são perfeitos, mas de um jeito singular e especial, tornam os seus dias mais bonitos!!!


E o mais importante, te amarão incondicionalmente tenha você a forma de uma linda princesa,
ou de uma OGRA, pra eles importa QUEM você é e não como você está...


MORGANA FERNANDES

TODA TENTATIVA É VALIDA...


Toda tentativa é sempre valida,
Todo sonho é possível,
Acreditar no impossível é como perder a fé,
Objetivos são caminhos, opções,
Determinação é qualidade de vida,
Acreditar em muito momentos é tudo que nos resta,
Tentar, Tentar e Tentar,
Assim é a vida, tentativas, erros e intermináveis clichês,
Todos os dias à nossa espera,
Aguardando um simples, gesto, uma palavra,
Pra transformar, pra mudar, desestabilizar
Fazer o pra sempre se reinventar,
Quem sonha pequeno, não irá muito longe,
Quem sonha com as estrelas,
No mínimo chegará as nuvens,
Quiçá namorar a lua...

Morgana Fernandes

sexta-feira, 26 de abril de 2013


“Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras,
outras constroem moinhos de vento.”

(Érico Veríssimo)

CARTAS QUE EU NÃO MANDO... SAUDADES E QUERERES


Hoje só queria você
O Pôr do sol e nossos papos divertidos

Hoje só queria mais uma vez te amar
De longe, de perto, não importa

Hoje queria mesmo sentir,
dor, frio, amor, raiva não importa

Hoje queria mesmo não ser indiferente,
À vida, à você, ao que ficou, ao que nunca foi

Hoje eu queria ter você,
No quarto, no carro, na cama, até mesmo de pijama

Hoje eu queria saber quem sou,
Num instante, numa estrada, um pouco mais aliviada
Dessa paixão que não findou...

Morgana Fernandes

DESEJOS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor

Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade

Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo

Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém

Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A profunda superficialidade de nossos dias...


Uma das características que melhor definem a época da História em que vivemos é a superficialidade. Somos pensadores superficiais. Somos cristãos superficiais. Aliás, eu diria até que somos profundamente superficiais. Claro que ser “profundamente superficial” é o que chamamos de um oximoro – uma expressão que se contradiz e, ao fazê-lo, afirma uma contradição. Assim como “água seca”, ou uma “verdadeira mentira”, “profunda superficialidade” soa como um absurdo. Mas é isso mesmo o que somos. Pois somos superficiais até as mais profundas profundezas da nossa alma.

Não importa quão profundamente cavemos na nossa alma contemporânea, nunca chegamos a algo que seja substancial. Tudo é superficial. Nossos sentimentos mais profundos são superficiais. Nossas paixões mais arrebatadoras são superficiais, efêmeras, passageiras. Somos pessoas cuja alma se assemelha a uma floresta inteiramente composta por árvores sem raízes. Por mais que você consiga adentrar os recônditos mais escondidos da floresta, não achará uma árvore que tenha firmeza. Pois, sem raízes, qualquer uma delas é facilmente arrancada pelo vento e substituída.

Essa constatação não significa que não tenhamos sentimentos fortes. Temos. Não quer dizer que nossas atitudes não sejam profundamente sentidas. São. Mas todas as profundezas do nosso ser, de nossos sentimentos e das nossas atitudes são, em última análise, superficiais.

Tomemos como exemplo a postura atual da maioria da sociedade brasileira contra a homofobia. “Todos” se dizem profundamente inconformados com os “tão intolerantes” cristãos. Afinal, “todos sabem” que qualquer opção de vida que um indivíduo faça é seu direito e é algo “absolutamente normal”. Esse é o discurso feito em público. Só que o bloco político que fez da sua campanha a defesa dos homoafetivos foi derrotado nas urnas de uma maneira tão absoluta e humilhante que ninguém quer falar a respeito do assunto. Na hora do “vamos ver”, da defesa política da opção dessas pessoas, ninguém compareceu. Multidões aparecem para fazer uma parada festiva. Mas, na hora de transformar esse discurso em ação… nada. E, quando não há um gay por perto, a grande maioria dos que os defendem não hesita em fazer piadas sobre os seus trejeitos.

Mas não sejamos duros com os que não compartilham da nossa fé. Afinal, vivemos numa casa cujo telhado também é de vidro. Se começarmos a jogar pedras, estilhaços vão voar para todos os lados.

Vejo pessoas demonstrarem uma enorme paixão ao defender o culto “gospel”, com todas as suas manifestações emotivas e bombásticas, e que afirmam ter um profundo “amor” para com Deus e seu Filho, Jesus Cristo, para não mencionar também o Espírito Santo. Derramam lágrimas. Fiéis se prostram e até se arrastam pelo chão, rugindo como leões. Muitos abanam os seus braços numa comoção em massa, enquanto alguém grita ao microfone algo sobre render honra, glória e louvor ao Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra.

Pouco tempo depois, muitos (sim, muitos) estão tomando umas e outras no barzinho e contando piadas sujas. Não são poucos os jovens que até terminam no motel uma noitada após um “cultaço”. Sua paixão profunda no culto não passa de uma profunda superficialidade. Sim, porque não há ligação entre uma paixão e a outra. Arrebatados pelo culto, são, em seguida, igualmente arrebatados pelos seus instintos mais baixos, traindo tudo o que o culto deveria representar.

Leio a lista dos interesses que pessoas escrevem em seu perfil do Facebook e me espanto. Enquanto dizem “curtir” o reverendo Paul Washer, “curtem” programas de televisão que promovem sexo ilícito e toda sorte de perversão, justo aquilo que o reverendo Washer combate tão claramente: True Blood, Sexo sem compromisso, Friends, Vampire Diaries, Crepúsculo e uma infinidade de filmes e seriados que vomitam sua imundície sobre o mundo todo. Qualquer um que fizesse um estudo do perfil da maioria dos jovens que povoam a nação virtual teria que chegar à conclusão de que são insanos, hipócritas, e ímpios disfarçados de crentes. E é exatamente o que são. Iludem-se ao pensar que podem ser amigos do mundo e também de Deus.

Seus corações não estão alicerçados em Jesus. Sua paixão por Cristo é tão profundamente superficial como sua paixão pelas inúmeras cores de esmalte (que é a moda atual entre as mocinhas de Cristo) ou por sapatos – sim, sapatos. De cabeças ocas e corações esfacelados, vivem sendo arrebatados pela última novela (sim, porque isso é normal e achar que não é torna-se legalismo), moda, filme ou música. Põem Jesus Cristo ao lado de Lady Gaga nas suas páginas de “curtir”.

É insano. Uma geração sem moral, sem raízes e sem um norte.

Mas… será que são todos assim? Claro que não. Alguns estão começando a pensar. Alguns estão começando a se questionar. Nem tudo está perdido. Mas a maioria, lamento dizer, está.

Fonte: Walter McAlister - www.waltermcalister.com.br

"É como observar uma abelha tentando extrair pólen de uma flor de plástico.
Chega a dar pena de ver."

Gabito Nunes

terça-feira, 23 de abril de 2013

MEU AMOR BONITO... MEU PRINCIPE PROIBIDO...


E VOCÊ FOI AQUELE AMOR BONITO, QUE MEU PEITO TANTO GOSTAVA DE SENTIR,
TANTAS BRINCADEIRAS, TANTA COMPANIA, GARGALHADAS POR MADRUGADAS INTERMINAVEIS,
O SORRISO MAIS SINCERO, O ABRAÇO MAIS AMIGO,
O AMOR MAIS GOSTOSO QUE O TEMPO FEZ SEU PEITO DEIXAR DE SENTIR...
MAS EU TE ESPERO, POR UM DIA, UM MÊS OU UM ANO,
NÃO ME IMPORTA O TEMPO, SÓ ME IMPORTA VOCÊ,
NA VERDADE NÃO ME IMPORTA VOCÊ,
O QUE VALE SOMOS NÓS, NUM QUARTO A SÓS
DESATANDO TANTOS NÓS,
FAZENDO O MUNDO PARAR DE GIRAR...
NÃO IMPORTA O QUE DIGAS, NEM O QUE FAÇAS
UM DIA DESTES, UM AMOR COMO ESTE
VAI VOLTAR A SENTIR...
MORGANA FERNANDES

ELA SÓ QUERIA VER...


E ela mais uma vez escondida em meio a tantas pessoas,
ficou a observar de longe aquele que um dia teria estado tão perto,
teria feito morada em seu peito
cativado sua alma de maneira jamais vista ou sentida,
ela só tinha necessidade de ver aqueles olhos brilhantes uma vez mais,
não queria ser vista mas apenas ver,
ver e poder sentir aquele sorriso,
ter de volta toda emoção negada,
aqueles olhos,
aquele sorriso menino,
aquele amor,
ela só precisava ver,
ver já acalentaria seu coração,
ver aquele que por tanto e por tão pouco, foi muito e não foi nada...
Morgana Fernandes

QUEM SABE UM DIA DESTES DO CALENDÁRIO...



Um dia qualquer destes do calendario, quem sabe você bata na minha porta,
me coloque na garupa da sua moto e me lve com você,
me mostre o seu mundo,
Me deixe ir bem fundo no tudo que é você e toda aquela espera,
todos aqueles planos, todo aquele sonho,
deixe de ser pura ilusão e vire nossa mais louca emoção,
neste dia viveremos de desejo e paixão,
cabelos ao vento e coração vibrando,
fantasia bonita que guardo no peito...
Quem sabe um dia destes do calendario...
Esqueceremos o calendário, dos ponteiros do relógio e seremos só eu e Você...
Morgana Fernandes

CARTAS QUE EU NÃO MANDO...


Hoje fechando os olhos, tudo que queria mesmo era dormir e poder acordar naquele tempo em que existia o nosso amor, em que você e eu eramos nós e com o mundo em volta estavámos sempre a sós, minha maior saudade não é dos nossos momentos juntos, mas sim daqueles momentos em que separados e distantes nos faziamos compania e dividiamos um mundo só nosso, tinhamos nossos sonhos e fantasias, verdades compartilhadas, amores impossíveis, paixões proibidas, histórias não vividas, essa foi no final apenas mais uma quase história, de um quase romance, de um quase casal, de um meio amor, que sem aviso, passou a bater em um só peito...
Morgana Fernandes


Sofro de uma abstinência grave, de uma doença fatal...
Preciso de uma dose diária de POESIA nos meus dia, tanto quanto meus pulmões necessitam de ar para respirar, meu coração de sangue para pulsar e minha alma de outra alma para amar...

Morgana Fernandes

segunda-feira, 22 de abril de 2013

TRECHO DE DOIDAS E SANTAS - MARTHA MEDEIROS



"(...) E então eu assumiria as consequências, não importam quais fossem.
O nomezinho disso: vida.
É sempre uma incógnita, portanto não vale a pena tentar fugir das decepções ou dos êxtases, eles nos assaltarão onde estivermos.
Se você for uma garota boba como eu fui, acorde.
Ninguém é muito areia pra ninguém. Pessoas aparentemente especiais se apaixonam por outras aparentemente banais e isso não é um trote, não é uma pegadinha, não é nada além do que é: um inesperado presente da vida, que todos nós merecemos."

(Martha Medeiros em: Doidas e Santas)


"Hoje de manhã eu acordei e fiquei olhando para tudo catatônica, um misto de susto com deslumbramento.
Me dei conta de que essa é a pior e a melhor fase da minha vida.
Eu nunca andei tão triste e nem tão feliz.
Foi difícil enterrar tantos mortos e tantas rotinas, mas está sendo muito fácil viver dentro de mim."
(Tati Bernardi)

TODO DIA UM NOVO OLHAR!!!

Meu padrão é não seguir nenhum padrão, essa inconstância gostosa do inesperado, a surpresa de não saber que passo dar no instante seguinte, essa é a real magia que tem encantado os meus dias...
Ao vento vou me deixando levar, lidando com o presente, confesso sem me preocupar em construir algum futuro, vivo o momento que estou respirando, o seguinte quissá...
O inesperado me fascina, assim como me fascina o sol que se põe no horizonte todos os dias igual e inesperadamente diferente aos meus olhos, seria o sol que me surpreende ou eu que o surpreendo...
Inconstância minha ou constância dele?
Seria ele ou meu olhar a me surpreender???

Morgana Fernandes

RUBEM ALVES... FALANDO DE ESQUECIMENTO...

O esquecimento, frequentemente, é uma graça.
Muito mais difícil que lembrar é esquecer!
Fala-se de “boa memória”.
Não se fala de “bom esquecimento”, como se esquecimento fosse apenas memória fraca.
Não é não.
Esquecimento é perdão, o alisamento do passado, igual ao que as ondas do mar fazem com a areia da praia durante a noite.
Rubem Alves
A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
Rubem Alves

RUBEM ALVES

Disseste tudo ao dizer:
Quando a ausência de mim
Fizer presença em meu ser,
Visitarei a mim mesmo,
Para não me afastar de você.

Quando o peso do dever
Em mim soterrar a alma
Entre os escombros da vida,
Quero flutuar qual pluma
Na leve brisa da calma.

Quando o dizer tiver o poder
De revelar o que não quero,
Paro a pluma, guardo a voz,
Me rebelo no silêncio
Para me manter sincero.

Antes da noção do certo
Se revelar um engano,
Saio do cotidiano:
Adentro em outras rotinas,
Noutros mares vou pescar.

Não quero porto seguro,
Só âncora, vela e mar.
Âncora para ser meu porto,
Vela para me levar,
Mar para, no litoral,
As minhas ondas quebrar.

Rubem Alves

RUBEM ALVES... FALANDO DE AMOR!!!


Era prazer? Era.
Mas era mais que prazer. Era alegria.
A diferença? O prazer só existe no momento.
A alegria é aquilo que existe só pela lembrança.
O prazer é único, não se repete.
Aquele que foi, já foi. Outro será outro.
Mas a alegria se repete sempre.
Basta lembrar.
Rubem Alves

RUBEM ALVES... FALANDO DE AMOR


Quando você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os outros amores deixaram você ir.
Quando você encontrar a pessoa que REALMENTE merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com todos os outros..
O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila.
Em silêncio.
Sem dar conselhos.
Sem que digam: “Se eu fosse você”.
A gente ama não é a pessoa que fala bonito.
É a pessoa que escuta bonito.
A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta.
É na escuta que o amor começa.
E é na não-escuta que ele termina.
Não aprendi isso nos livros.
Aprendi prestando atenção.
Rubem Alves
É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado.
É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba, quando não acredita em mais nada.
E entende tudo errado.
E paralisa.
E se vitimiza.
E perde o charme.
O prazo.
A identidade.
A coerência.
O rebolado.
Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora, quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na platéia.
Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro.
Difícil é amar quem não está se amando.
Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado.
Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica.
Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.
Ana Jácomo


Se você está pensando
Que eu estou me importando
Claro que estou
Não sou feito essa gente
Que ama e de repente
Tchau, e se acabou

Vinícius de Moraes

domingo, 21 de abril de 2013

E se for pra amar que seja como nunca, que seja como sempre, que seja amor, tenha calor, que seja com você!!!

Ou Não???

Morgana Fernandes

sábado, 20 de abril de 2013

Na madrugada a sombra desse amor ecoa baixinho, me agride, me açoita, me aflige, me desconforta...
A sombra deste amor não vivido, tão temido, não mais amigo...
Na madrugada tudo vira verdade e a realidade transparece, aparece, me adormece...
E então o sono, lento abandono, na madrugada, não mais a sombra, amor de sombra que me amedronta toda madrugada!!!

Morgana Fernandes

E de repente todo mundo seguiu em frente e eu percebi que a unica que de fato havia ficado paralisada no tempo tinha sido eu, logo eu que defendo tanto a idéia de recomeço, logo eu que bato no peito ao fim de qualquer relacionamento dizendo que a vida segue e tudo passa...

E de repente todo mundo seguiu em frente e eu fui ficando pra trás, com tanto lixo sentimental, com tanta coisa guardada de histórias que só pra mim não haviam sido resolvidas, que só dentro de mim ainda faziam algum sentido, ainda tinham alguma representação...

E de repente todo mundo seguiu em frente e eu sem perceber me afundei num passado de lembranças que me impediu de viver muitos presentes e ter qualquer futuro...

E de repente todo mundo seguiu, seguindo em frente, e EU será que ainda sei pra que lado fica seguir em frente????

Morgana Fernandes

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O menino que escrevia versos


Mia Couto


De que vale ter voz
se só quando não falo é que me entendem?
De que vale acordar
se o que vivo é menos do que o que sonhei?

(VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)



— Ele escreve versos!

Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha.

— Há antecedentes na família?

— Desculpe doutor?

O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:

— Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol.

Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol. E oleosas  confissões de amor.


Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.

— São meus versos, sim.

O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?

Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: então, ele que fosse examinado.

— O médico que faça revisão geral, parte mecânica, parte eléctrica.

Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões e, sobretudo, lhe  espreitassem o nível do óleo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, não importava. O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.

Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:

— Dói-te alguma coisa?

—Dói-me a vida, doutor.

O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dúvida, o surpreendera. Já Dona Serafina aproveitava o momento: Está a ver, doutor? Está ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o miúdo:

— E o que fazes quando te assaltam essas dores?

— O que melhor sei fazer, excelência.
— E o que é?

— É sonhar.

Serafina voltou à carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porquê? Perto, o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.

O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, modéstia apartada, inventara sonhos desses que já nem há, só no antigamente, coisa de bradar à terra. Exemplificaria, para melhor crença. Mas nem chegou a começar. O doutor o interrompeu:

— Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clinica psiquiátrica.

A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.

Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendi dos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.

— Não continuas a escrever?

— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida
— disse, apontando um novo caderninho — quase a meio.

O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente.

— Não temos dinheiro — fungou a mãe entre soluços.

— Não importa — respondeu o doutor.

Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.

Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:

— Não pare, meu filho. Continue lendo...


Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista e atualmente é professor e biólogo. É sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa. Como biólogo, dirige a Avaliações de Impacto Ambiental, IMPACTO Lda., empresa que faz estudos de impacto ambiental, em Moçambique. Mia Couto tem realizado pesquisas em diversas áreas, concentrando-se na gestão de zonas costeiras. Além disso, é professor da cadeira de ecologia em diversos cursos da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

OBRAS PUBLICADAS:


Contos

- Vozes Anoitecidas (1986) - Grande Prêmio da Ficção Narrativa em 1990

- Cada Homem é uma Raça (1990)

- Estórias Abensonhadas (1994)

- Contos do Nascer da Terra (1997)

- Na Berma de Nenhuma Estrada (1999)

- O Fio das Missangas (2003)


Crônicas

- Cronicando (1988) - Prêmio Nacional de Jornalismo Areosa Pena (1989)

- O País do Queixa Andar (2003)

- Pensatempos. Textos de Opinião (2005)

- E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções (2009)


Romances

- Terra Sonâmbula (1992) - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995. O júri da Feira Internacional do Zimbabwe o considera um dos doze melhores livros africanos do século XX.

 - A Varanda do Frangipani (1996)

- Mar Me Quer (1998)

- Vinte e Zinco (1999)

- O Último Voo do Flamingo (2000) - Prêmio Mário António de Ficção em 2001.

- O Gato e o Escuro, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (2001)

- Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (2002) - Rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira.

- A Chuva Pasmada, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (2004)

- O Outro Pé da Sereia (2006)

- O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana ( 2006)

- Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008)

- Jesusalém [no Brasil, Antes de nascer o mundo] (2009)


Prêmios

1995 - Prêmio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos

1999 - Prêmio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra

2001 - Prêmio Mário António, pelo livro O último voo do flamingo

2007 - Prêmio União Latina de Literaturas Românicas

2007 - Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura

2011 - Prêmio Eduardo Lourenço 2011

O texto acima foi extraído do livro “O fio das missangas”, Cia. das Letras, 2004, pág. 131. A editora optou por manter a grafia do português de Moçambique.

FONTE: Wikipédia