domingo, 28 de junho de 2009

Os Ausentes... Martha Medeiros

Como faço todos os domingos, li a coluna da Martha no Zero Hora e mais uma vez preciso postar o texto, pois concordo plenamente e é algo que meus amigos sabem que falo o tempo todo, quando saio de casa deixo meus problemas lá dentro do meu quarto embaixo do travesseiro, tenho horror a gente que sai e deprime no meio da noite ou nem se esforça, somos livres e adultos, se estamos em algum lugar é de livre e espontânea vontade e mesmo que estejamos para agradar alguem que o façamos de forma correta, como diria Jimmy do Matanza: " Tá fazendo o que em casa, por acaso está doente, ver tv é deprimente, não tem nada mais sem graça, bom de noite é ir pra rua mesmo quando está chovendo e eu que nunca me arrependo, tá errado eu tô fazendo, vai saber o que é normal, só o que posso lhe dizer... "Bom é quando faz mal", concordo com ele, e mesmo sendo um rock sujo, adoro a letra dessa musica, e confesso que a mesma já me levou a abandonar minha solidão varias vezes e por conta disso sai e dei muitas risadas, mas também concordo com a Martha que se for pra sair é pra levar além do corpo o espirito, e principalmente sair de casa com a certeza de que não importa o lugar se é lá que você está torne-o mais agradavel possivel, isso vale pra tudo na vida, reclamar ou ficar de cara feia é perda de tempo... Enjoy the sun while it last... Nada mais desagradavel do que gente que não sabe se divertir e ainda tenta estragar a diversão de quem sabe... e como sempre digo: "Consigo me divertir até mesmo num velório..." salvas as proporções é claro...

Abraços e deixo vocês com nada menos que Martha Medeiros... Deliciem-se!

28 de junho de 2009
"MARTHA MEDEIROS"
EU não assisti ao programa, mas soube da história. O jornalista David Letterman recebeu Joaquim Phoenix para uma entrevista. O ator fez jus à fama de bad boy: não parou de mascar chiclete e só respondia com monossílabos e grunhidos, não facilitando o andamento da conversa. Letterman tentou, tentou, e como não conseguiu arrancar nada do sujeito, encerrou a entrevista com uma tirada ótima: Joaquin, uma pena que você não pôde vir esta noite.Quando uma pessoa se dispõe a dar uma entrevista, tem que entrar no jogo: responder com generosidade ao que foi perguntado e valer-se de uma educação básica, caso tenha. É bom lembrar que a maioria das entrevistas não é feita apenas para dar ibope ao programa, e sim para ajudar na divulgação de algum projeto do convidado. Ambos saem ganhando. Só quem não ganha é a plateia quando o convidado finge que está lá, mas não está. Madonna é até hoje o trauma da carreira de Marilia Gabriela, pelos mesmos motivos.Claro que há quem defenda a atitude de Phoenix com o argumento da “autenticidade”, mas existe uma sutil diferença entre ser autêntico e ser grosso. É muita inocência achar que podemos prescindir de uma certa performance social. Espero não estar ferindo a sensibilidade dos “autênticos”, mas de um teatrinho ninguém escapa, a não ser que queiramos voltar a viver nas cavernas.Não sou de me irritar facilmente, mas acho um desrespeito quando uma pessoa faz questão de demonstrar que não compactua com a ocasião. São os casos daqueles que se emburram em torno de uma mesa de jantar e não fazem a menor questão de serem agradáveis. Pode ser num restaurante ou mesmo na casa de alguém: estão todos confraternizando, menos a “vítima”, que parece ter sido carregada para lá à força. Às vezes, foi mesmo. Sabemos o quanto uma mulher pode ser insistente ao tentar convencer um marido a participar de um aniversário de criança, assim como maridos também usam seu poder de persuasão para arrastar a esposa para um evento burocrático. Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se. Não precisa virar o mestre-de-cerimônias da noite, mas ao menos agracie seus semelhantes com dois ou três sorrisos. Não dói.Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.Esteja!Se não quiser participar, tudo bem, então fique na sua: na sua casa, no seu canto, na sua respeitável solidão. Melhor uma ausência honesta do que uma presença desaforada.

Os ausentes

Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se. Não precisa virar o mestre-de-cerimônias da noite, ao menos agracie seus semelhantes com dois ou três sorrisos. Não dóiEU não assisti ao programa, mas soube da história. O jornalista David Letterman recebeu Joaquim Phoenix para uma entrevista. O ator fez jus à fama de bad boy: não parou de mascar chiclete e só respondia com monossílabos e grunhidos, não facilitando o andamento da conversa. Letterman tentou, tentou, e como não conseguiu arrancar nada do sujeito, encerrou a entrevista com uma tirada ótima: Joaquin, uma pena que você não pôde vir esta noite.Quando uma pessoa se dispõe a dar uma entrevista, tem que entrar no jogo: responder com generosidade ao que foi perguntado e valer-se de uma educação básica, caso tenha. É bom lembrar que a maioria das entrevistas não é feita apenas para dar ibope ao programa, e sim para ajudar na divulgação de algum projeto do convidado. Ambos saem ganhando. Só quem não ganha é a plateia quando o convidado finge que está lá, mas não está. Madonna é até hoje o trauma da carreira de Marilia Gabriela, pelos mesmos motivos.Claro que há quem defenda a atitude de Phoenix com o argumento da “autenticidade”, mas existe uma sutil diferença entre ser autêntico e ser grosso. É muita inocência achar que podemos prescindir de uma certa performance social. Espero não estar ferindo a sensibilidade dos “autênticos”, mas de um teatrinho ninguém escapa, a não ser que queiramos voltar a viver nas cavernas.Não sou de me irritar facilmente, mas acho um desrespeito quando uma pessoa faz questão de demonstrar que não compactua com a ocasião. São os casos daqueles que se emburram em torno de uma mesa de jantar e não fazem a menor questão de serem agradáveis. Pode ser num restaurante ou mesmo na casa de alguém: estão todos confraternizando, menos a “vítima”, que parece ter sido carregada para lá à força. Às vezes, foi mesmo. Sabemos o quanto uma mulher pode ser insistente ao tentar convencer um marido a participar de um aniversário de criança, assim como maridos também usam seu poder de persuasão para arrastar a esposa para um evento burocrático. Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se. Não precisa virar o mestre-de-cerimônias da noite, mas ao menos agracie seus semelhantes com dois ou três sorrisos. Não dói.Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.Esteja!Se não quiser participar, tudo bem, então fique na sua: na sua casa, no seu canto, na sua respeitável solidão. Melhor uma ausência honesta do que uma presença desaforada.

sábado, 27 de junho de 2009

O que move a Paixão?

Sempre me pergunto qual a verdadeira lógica da Paixão, esse sentimento arrebatador, que me faz perder o fôlego as palavras e o juízo, não falo em uma lógica calculável, ou explicável, mas em algum sentido inteligente para essa montanha russa de sentimentos em que me encontro quando me descubro APAIXONADA, sim sou uma mulher apaixonada às vezes achava eu por alguém, mas me declaro uma mulher verdadeiramente apaixonada por tudo em que acredita, seja trabalho, amigos, amores, ideais, não importa, mas com relação a estas criaturas do sexo oposto que me tiram o sono ou que as vezes me dão muito sono e muito tédio, chego a conclusão que ao menos EU, não me apaixono por alguém em si, sou meio egoísta eu sei, mas verdadeiramente sei que de fato o que realmente move minhas paixões não é o outro e sim o que ele faz por mim, não é o jeito dele, não é o seu cheiro que me entorpece, ou sua voz que me derrete, seus gestos que me encantam, ou seu mundo que me fascina, cheguei à conclusão de que o que move minhas paixões é simplesmente pela forma infinitamente encantadora que alguém é capaz de me transformar, não pense que estou falando que mudo quem sou mas falo do jeito que meus olhos brilham ao vê-lo, pelo sorriso que vive estampado no meu rosto, a expressão insuportável de felicidade, a vontade de estar bonita, até mesmo o andar na rua, parece que todos olham e percebem “Ela está apaixonada”, terrivelmente, perdidamente, incrivelmente absurdamente, ridiculamente, insanamente, ridiculamente APAIXONADA, uma pessoa apaixonada é escandalosamente perceptível, qualquer um percebe, a paixão grita com a boca fechada, é isso ai, eu gosto do ato de estar apaixonada, do estado fascinante da paixão.
Passageira ou permanente não importa, quando virar amor espero que seja um amor tal como uma paixão permanente...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

FELICIDADE...

Bom já que abri exceção e postei o texto da Martha Medeiros outro dia, resolvi partilhar de uma poesia que recebi de minha tia, na verdade ela é ex-mulher do meu tio, mas é uma daquelas pessoas que você escolhe pra fazer parte da sua família, é uma pessoa que sempre admirei e em quem sempre me espelhei, é uma mulher iluminada, radiante acho que seria a palavra certa, sorriso fácil, determinada, independente, cheia de vida é um MULHERÃO, como dizem e fez parte da minha infância, hoje pela manhã encontrei o filho dela (meu primo), nossa sempre que vejo ele me sinto como aquela menina meio moleque (meio é apelido) eu era muito moleque, nossa o abraço dele me faz voltar no tempo, nossa infância foi muito divertida e por mais que fiquemos muito tempo sem nos falar, sempre que nos encontramos é como se ainda fossemos duas crianças, o carinho e a cumplicidade são os mesmos daquela época, adoro isso, sinto que o tempo transforma muitas coisas, mas o sentimento sincero ele não consegue apagar, modificar ou minimizar, a amizade verdadeira rompe a barreira do tempo e um abraço sincero logo pela manhã em plena segunda-feira pode transformar sua semana inteira, a felicidade consiste nisso, um abraço sincero, uma palavra de uma pessoa querida, um beijo especial, principalmente hoje em dia onde os sentimentos são descartáveis, perecíveis e vulneráveis, saber que é possível preservar certos sentimentos por pessoas queridas ao longo dos anos, ao longo da vida é uma excelente razão para acreditar na felicidade, ser feliz não é utopia, ser feliz digo outra vez, é uma escolha que fazemos diariamente, existem pessoas que te fazem feliz e te transmitem a paz com um gesto, com um olhar, transformam seu dia, que são capazes de dizer com um abraço tudo aquilo que não pode ser descrito em palavras, e me orgulho de conhecer pessoas assim, sejam elas meus filhos, meus amigos, amantes, ex-namorados, primos, primas, tios, tias, não importa dedico este post a todas essas pessoas que passaram pela minha vida e me fizeram feliz dentro de um abraço, e principalmente aquelas que permanecem me abraçando e também as que sei que sempre irão me abraçar seja quando for, não importa o quanto o tempo passe nem o que aconteça, sei que sempre terei morada segura e feliz em seus braços... Um abraço e fiquem com essa poesia que me fez refletir respeito da felicidade; desconheço o autor...

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A felicidade é um susto.
Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas.
Chega sem chegar, insinua mais que propõe...
Felicidade é animal arisco.
Tem que ser admirada à distância
porque não aceita a jaula que preparamos para ela.
Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade
tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.
Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos.
O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar
o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.
Felicidade é coisa que não tem nome.
É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes.
Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero.
É olhar de amigo em horas de abandono.
É fala calmante em instantes de desconsolo.
Felicidade é palavra pouca que diz muito.
É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros

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Um grande abraço repleto de felicidade e afeto a todos que amo e que de alguma forma mesmo que meio torta tornam meus dias mais alegres e ensolarados!!!

Anagrom

terça-feira, 16 de junho de 2009

Cronica de Martha Medeiros... Hospede-se

Geralmente tenho publicado apenas textos meus no blog, porém ao ler este texto da Martha Medeiros, pensei que ele traduz de forma tão concreta o que penso e como sempre, a Martha escreveu de forma tão inteligente que com certeza nem eu mesma conseguiria explicar minha posição a respeito do que sinto com relação a ter um lugar bom pra se viver dentro de nós mesmos...

 

Confesso que ainda hoje algumas vezes realmente não me considero um bom lugar pra se viver, tem momentos onde nem eu mesma me agüento me acho insuportável, intolerável, intragável e tudo mais que rimar com isso, tenho plena consciência de que às vezes sou assim, tanto que eu mesma tenho vontade de me exorcizar, mas são momentos de insegurança boba, que logo passam, já foram de fato mais longos há algum tempo, porém hoje em dia os mantenho sob controle e vigilância, eu penso que podemos escolher sempre e em qualquer situação, por qual estrada seguir, e não se trata de "caminho certo" e "caminho errado" "curto ou longo" mas pura e simplesmente do caminho que escolhemos, desde o momento em que comecei a pensar desta forma, minha vida tornou-se mais leve, mais pratica e menos dramática, ainda sou meio dramática é verdade, gosto disso as vezes e confesso até que preciso de um pouco de drama, mas essa é uma escolha minha, porém aprendi a não ser vitima de nada e principalmente a enxergar de maneira clara e realista o lado bom de tudo que me acontece, ou melhor prefiro encarar que vejo o lado de bom de tudo que deixo que aconteça na minha vida, somos aquilo que plantamos se queremos ter um jardim dentro de nós, temos que cuidar dele, rega-lo com sorrisos, alegria, e muito bom humor, se queremos que os outros gostem de nossa cia precisamos em primeiro lugar, ser boa cia para nós mesmos, com certeza agindo assim penso que construo meu próprio Éden, meu próprio Oásis e deixar ou não alguém desfrutar dele ou se quer saber da existência dele, é só mais uma escolha minha, o importante é cultiva-lo de maneira que seja sempre o melhor lugar para abrigar o hóspede mais importante EU...

 

Agora deixo aqui nada menos que Martha Medeiros para seu total deleite...

  • Um lugar para se viver

    A Maria Rezende é uma poeta carioca que recentemente lançou um livro encantador chamado Bendita Palavra, onde, entre tantos versos, fui surpreendida por este: dentro de mim não é mais um bom lugar para se viver.

    Semana passada eu decretei que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. Mas o abraço é um refúgio externo. O que fazer quando dentro de nós, esse lugar privativo, deixa de ser um bom lugar para se estar?

    O verso da Maria Rezende reflete uma necessidade de se exorcizar, o pânico de não detectar dentro de si um abrigo, uma quentura, um espaço aprazível onde caibam todos os nossos fantasmas. A voz que fala através da poeta tem vontade de expulsar-se de si própria, já não reconhece um sol interno – isso sou eu que estou interpretando, Maria fala mais bonito: "teve um tempo em que esse dentro parecia com o fora/ era um ótimo lugar pra uma moça como eu era".

    Aí a personagem do poema virou uma moça diferente, hospedou em si uma criatura arrebentada, ferida, e danou-se, agora ela não é mais um bom lugar para se viver.

    Explica tanta coisa, esse sentimento.

    Explica a gente não conseguir se relacionar bem com os outros, explica autoflagelo, explica engordar ou emagrecer além do razoável, explica suicídio, explica a sensação de ser um estrangeiro até para si próprio. Como lidar com esse despatriamento, para onde levar nossa mochila, nossa bagagem, nosso "eu mesmo" pra se instalar em outro corpo? Nascer de novo não dá.

    Ou até dá. Até dá.

    De vez em quando é necessário se perguntar se dentro de nós é um bom lugar para se viver. Depois de ler a poeta carioca, eu tenho me perguntado. E a resposta, sem nenhum ranço pseudointelectual, sem nenhuma espécie de autoaversão, ou seja, da forma mais simplória, é que sim, eu sou um bom lugar para se viver.

    Dentro de mim há pensamentos demais, o que torna tudo meio caótico, mas tenho tentado dar uma arrumada nessas ideias e manter cada uma em sua gaveta. Há também sentimentos variados, mas de forma alguma vou expulsá-los, deixo que circulem à vontade por esse meu corpo que lhes serve de ringue, já que eles às vezes brigam uns com os outros.

    Dentro de mim é sempre verão e toca música o tempo inteiro, e mantenho uma satisfação secreta que precisa se manter secreta para não passar por boba. Há crianças e adultos dentro de mim, todos da mesma idade. Aqui dentro existe uma praia e uma montanha coladas uma na outra, parece até Rio de Janeiro, só que os tiroteios são feitos com bala de festim. Dentro de mim estão muitas lágrimas que não foram choradas para fora e muitos sorrisos que, de tão íntimos, também guardei. Dentro de mim são produzidas algumas cenas sofisticadas e também roteiros de filme B. Um universo movimentado e contraditório: como não gostar de viver aqui dentro?

    E você, tem sido um bom hospedeiro de si mesmo?

  • Martha Medeiros (cronica publicada no jornal Zero Hora de 14/06/2009)