terça-feira, 8 de junho de 2010

Qual o meu papel???

Qual o meu papel???
 
Em certos momentos a impressão que tenho é que estou sempre visitando os mesmo lugares, andando pelas mesmas ruas, parada no mesmo lugar, como se algo me suspendesse no ar, como se em certos instantes a vida fosse passando diante de meus olhos e eu pudesse apenas observar, como se me roubassem o personagem em minha própria vida, as situações vão se repetindo, e quando percebo o texto é sempre o mesmo, mudam os atores, mudam os cenários, muda o figurino a maquiagem, muda tudo, apenas eu estou sempre ali, parada, perplexa, tentando entender porque mesmo a história começando de maneiras diversas, os finais são sempre iguais, a angustia o desespero a solidão tudo se repete num ciclo quase vicioso e enlouquecedor, porém o fim é sempre inevitável, e eu vou ficando, ficando, ficando, distante, alheia, sozinha...
 
Sinto como se apenas fizesse participações especiais na minha própria vida, aparições relâmpago, talvez porque eu cometa os mesmos erros, talvez porque eu faça as mesmas escolhas, talvez, talvez sempre talvez porque não importa o que eu faça ou diga, ou fale, não importa como eu aja, nunca consigo mudar o ultimo ato...
 
Passo do êxtase da paixão eterna, do encantamento mágico, do: “felizes para sempre” ao mais absoluto desprezo e abandono, os sonhos viram pesadelos, a magia da paixão se transforma em indiferença e desilusão, o felizes para sempre se converte em um simples adeus...
 
Como cobrar um amor prometido e não entregue? Como exigir que as promessas sejam cumpridas? Que a paixão seja vivida? Que os planos, os sonhos, as viagens, as manhãs de domingo, as noites chuvosas de inverno, como fazer com que tudo que justificava a existência desse sentimento, tudo que fazia amar, tudo que fazia acreditar, de repente se foi, como, como???
 
E enfim no final de cada ato me sinto como se eu escrevesse a peça, montasse o cenário, conseguisse o patrocínio, produzisse, dirigisse e participasse de todos os ensaios como a grande protagonista, porém quebrasse a perna quando estivesse subindo as escadas do palco no dia da estréia e sem escolha alguma fosse forçada a assistir ao espetáculo, escondida atrás das cortinas, vendo o personagem da minha vida ser interpretada por outra atriz que de pára-quedas, recebe todas as flores, os aplausos, os prêmios e enfim eu me encontre esquecida e imóvel, presa, porém não obstante, fosse obrigada a simplesmente aceitar sem escolha, minha incapacidade de interpretar o papel que escrevi meu próprio papel no espetáculo que era pra ser a minha vida!!!
 
Morgana Fernandes – 08/06/2010
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vou adorar saber sua opinião...