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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

LEMBRANÇAS E RECORDAÇÕES



Engraçado como muitas vezes, uma imagem, um cheiro, um gosto são capazes de nos fazer viajar no tempo tempo e no espaço, aguçam nossa imaginação e incendeiam nosso coração, trazendo uma satisfação de felicidade plena e absoluta.

Agora a pouco ganhei um bala, incrível como uma simples bala, me remeteu a sensações e momentos tão especiais da minha vida.

Quando era criança minha avó materna tinha o costume de comprar um pacote desta mesma bala todo quinto dia útil do mês após receber seu misero salário de auxiliar de limpeza, ela chegava alegre e contente com o pacote de balas nas mãos, distribuindo não apenas um doce, mas junto com ele toda sua alegria, energia e afeição por nós todos.

Minha avó era uma mulher incrível, firme, forte, corajosa, dois maridos, duas separações conturbadas, que lhe renderam cinco filhos para sustentar, teve que trabalhar duro pra dar conta de tudo sozinha, e mesmo assim com tudo isso era uma mulher fantástica, invejável mesmo, andava sempre alinhada em seus conjuntos de linho muito bem passados, mantinha sua casa de madeira sempre muito limpa, fecho os olhos e consigo sentir o cheiro da cera que ela passava no chão de toda casa que brilhava, nossa! como aquele chão brilhava, de fato ele só não brilhava mais do que os olhos dela, esse brilho é inesquecível e fascinante, portadora de uma alegria de viver invejável até mesmo as crianças de hoje em dia, fazia milagres com o salário que ganhava, nunca a vi reclamar de nada, na sua casa todos eram bem vindos e eram recebidos com café fresquinho e uma torta, aprendi muita coisa no pouco tempo que convivi com minha avó, uma mulher corajosa que corria com os ladrões da rua, estava sempre pronta a ajudar a todos que muitas vezes nem precisavam pedir ajuda, uma mulher em quem a vida bateu muito mas que nunca deixou se abalar, nunca perdeu sua essência, nunca deixou que os acontecimentos a modificassem, morreu mas deixou muito dela em todos nós, e agora nesta época de Natal, chego a perceber que os Natais deixaram de ser especiais e divertidos pra mim depois que ela morreu, hoje em dia acho o Natal triste, acho o mês de dezembro triste e frio embora seja verão, acho que sinto a falta do calor da minha avó, da festa que era arrumar a arvore de natal, arrancar a grama do jardim, pra colocar no chão da sala e lá em cima montar o presépio junto com todos os netos, minha mãe nunca gostou dessas formalidades natalinas, mas minha avó não, ela adorava, deixar tudo lindo para reunir a família no Natal, de fato uma mulher admirável em quem sempre me espelhei, onde sempre busquei força em todos os momentos da minha vida, uma mulher que não teve medo de ficar sozinha e que buscou dentro dela a força necessária pra ser feliz apesar de tantas dificuldades que a vida lhe impôs...

É isso aí, continuo amando minha avó e trago ela no meu coração, espero um dia que meus netos tenham boas lembranças de mim tais como as que tenho dela, e de pensar que todas essas sensações foram despertadas por uma simples bala... Definitivamente nada acontece por acaso, de repente tudo que eu precisava no dia de hoje era sentir o gosto doce das lembranças que me remetem ao verdadeiro espírito do Natal a verdadeira essência desta época.

Morgana Fernandes