segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Você nasceu pra ser lambida - Gabito Nunes



Parafraseando o personagem Rick Blaine de "Casablanca": de todos os cafés, de todas as cidades, no mundo todo, ela entra logo no meu. Chorando, ainda por cima. Sei lá eu por quê.

A conversa então transcorre como jazz, mesmo às vezes suas opiniões incorrendo na velha ladainha de que tudo é como é em decorrência do machismo. Não importa qual o tópico em discussão, se Ross e Rachel estavam mesmo dando um tempo naquele episódio de "Friends" em que ele dorme com outra, ou então, sei eu, se formigas têm ou não cotovelos. No mais, ela é bem agradável e perfumada. Lá fora, o vento mudou de hálito.

Ela gosta de Phil Collins, faz psicologia pelo mesmo motivo que leva 99% das estudantes da área a ingressar na tal ciência: queria antes se entender. Eu brinco morbidamente, tentando imaginar onde se enfiarão seus pacientes já que ela se refugia dos problemas em cafés, às dez da noite, quase onze, papeando sobre sua infância e filmes favoritos com rapazes pobres e estranhos e metidos a escritor. Ela ri. E me olha furtivamente, às vezes como quem paquera um cheesecake de frutas silvestres expostos além da vidraça no balcão. Eu sirvo uma parte de cheesecake de frutas silvestres, ela nega, eu insisto, é por conta da casa.

– Nossa, você realmente quer me comer, né? – ela me provoca.

E gargalha com a mãozinha no meu ombro. Eu também, embora não veja graça na verdade assim, nua e crua. Curiosamente ela não ri daquela forma áspera de fêmea deixando claro que seus cromossomos são absolutamente incompatíveis. A anedota e a risada são um jeito descolado de traduzir a atmosfera do encontro com um pouco de sadismo, admitindo a hipótese, e quebrando o gelo crostado sobre ela. Estou deixando ela falar de si mesma, como uma arapuca pra envolvê-la, como um caçador mirim atrai rolinhas indefesas e com asas contundidas.

Então, a noite conflui para uma aproximação entre nós, suas risadinhas deixam claro que o envolvimento é possível, mesmo sendo eu apenas um reles funcionário que manja uns cafés bacanas, incrivelmente charmoso, com cara de vagabundo iluminado do Kerouac – um tipo daqueles que as meninas desaprenderam a admirar com a ascendência da Apple de Steve Jobs. O cabelo fino e encaracolado e sujo de quinze horas de trabalho, o quê de homem-lobo solitário e profundo, as pupilas dilatando de vontade de morder aquele lábio inferior moreno que ela tem.

Talvez eu esteja omitindo isso com medo do usual inquérito elitista sobre a existência de livros de minha autoria em livrarias, logo guardo entre os dentes nervosos que sou, na verdade, escritor. Não um aspirante ao novo grande romance americano, mal falo inglês, meu inglês é irlandês, e ninguém entende lhufas quando pratico em voz alta – mas sou bom. Na minha casa, digo, no quartinho onde moro há duas quadras daqui, talvez falte um escorredor de macarrão ou papel higiênico, mas há uma pilha de livros, a maioria deles pra impressionar uma garota como ela.

– Então, o que mais você faz, além de ficar trancado aqui cheirando a pastel? – esse sutil rebaixamento aristocrático é um mecanismo que ela usa pra rechaçar o asco que sente dela mesma ao gostar de um cara como eu. – Sem ofensas, claro.

– Não, tudo bem. – eu pressiono as palmas das mãos sobre a bancada, empino o peito e miro a cara dela com uma confiança só comparada a Jack Nicholson em noite de Oscar. – Sou escritor.

– Como Wilde? Interessante.

– É, como Oscar Wilde. Mas sem os livros e a parte gay. Como Ernest Hemingway, William Faulkner, JD Salinger, os beatniks, americanos em geral.

– Como você é influenciável. Sabe, eu li "O Retrato de Dorian Gray" uma vez.

– Claro que leu. Sua cara. Sem ofensas, claro. O que mais você leu?

– Sei lá, não curto muito. "O Pequeno Príncipe" conta?

– Leia mais, se quiser ser algo mais na vida que esposinha de engravatadinho com crises hepáticas cada vez que a bolsa de valores vai à lona. Aos trinta, você vai precisar de um amante porque ele decidiu matar tudo no peito e você não precisa trabalhar fora. No entanto, ele não te dá filhos pra criar como ocupação porque o baque no mercado imobiliário dizimou suas ereções matinais e as noturnas são esmagadas pelo informe econômico na televisão. Então você vai se tornar uma gorda depressiva que bebe uísque com guaraná as três da tarde assistindo a reprise de Oprah, enquanto ele fode a própria secretária na mesa do escritório que você ajudou a escolher, com toda sua dedicação feminina que deveria ter sido usada pra manter-se desejável pra vagabundos como eu. Caras que, lá na frente, vão passar as tardes opacas transando com mulheres como você por alguns cheques sem cruzar, com dois zeros pra mais. Às vezes você vai atender seu único paciente em casa mesmo, o máximo longe que ele a permitiu. E adivinha? De forma inversa, a terapia funcionará melhor pra você, que vai invejar a loucura do doente em cada um dos cinquenta minutos que passar no seu divã de vinil, comprado em dinheiro vivo na Tok & Stok.

– História da minha vida. Exceto pelo estigma de gorda. – ela diz, e antes de complementar, faz uma carinha de estranheza, como se me sacasse há anos e tivesse descoberto algo novo sobre mim. – Você é bem mau, sabia disso?

– Conheço a vida pelos livros. E só quero evitar que uma garota se desvirtue no seu caminho. Você nasceu pra ser lambida, como essa colher de sobremesa. – seus olhos inflaram, pude ver um brigando com o outro porque um ficou deveras consternado com tal atrevimento e o outro ardeu em tesão, embora oficialmente ofendida. – Preciso fechar o lugar, acionar o alarme, tomar um banho, ir pra casa, enfim, dormir.

– Peraí, você acha mesmo?

– O quê?

– Isso aí que você disse.

– Sobre ser lambida? Claro que sim. Aliás, eu tenho uma lista de cinco garotas impossíveis que sonho levar pra conhecer meus livros e tudo o mais. Eu poria você entre elas, no duro.

– E quais são as minhas colegas? Só por curiosidade.

– Jessica Alba, Charlotte Gainsbourg, Kate Hudson e Penélope Cruz. Você entrou no lugar da Maria Ribeiro, como representante nacional.

– Quanta honra. Mas acho que vai ficar pra próxima. Me chama um táxi?

Eu sei que ela vai reaparecer. Se lembrar de mim como escritor e não como barista de café fedendo a pastel, ela vai voltar. Eu sei


Boletim/ O seu Arco-Iris - Helen Htoffoll



"As pessoas gastam uma vida inteira buscando pela felicidade; procurando pela paz. Elas perseguem sonhos vãos, vícios, religiões, e até mesmo outras pessoas, na esperança de preencherem o vazio que as atormenta. A ironia é que o único lugar onde elas precisavam procurar era sempre dentro de si mesmas."
( Ramona L. Anderson )
 
                 
O Seu Arco - Íris

Estava muito difícil escolher um tema para o Boletim e fechar a semana....Coisa rara... sempre aparece uma dica
trazida de muitas maneiras, ora durante uma troca de idéias, ora por algum e-mail que vem a cair na minha caixa
que nem uma luva... ou, coisa muito freqüente, escolher alguma mensagem bem legal tirada de um livro ao
acaso.
Confesso, que me senti como que "cortada", ao menos temporariamente, da conexão com o Universo,..
Eu disse temporariamente porque ao ler uma artigo especial da autora Joan Bores henko, comecei a perceber
que em todos os dias de nossa vida há uma mensagem especial , e caiu a palavra chave...Evolução Humana!!!
Já faz tempo... Aprendi que as pessoas não chegam até nós sem que haja uma forte razão. Nada nesta vida
acontece sem que nós tenhamos atraído.
Nossas perdas e, igualmente, as nossas vitórias. Somos os únicos que construímos a nossa evolução.
É assim com as pessoas que vêm até nós. Foram, como um ímã, atraídas, por pensamentos, palavras ou
atitudes.
Nossos pensamentos são outra força de atração.
Assim são as coincidências de nossos encontros com seres humanos. Sempre há uma razão. Pode ser só por
isso, uma razão, ou até por um período, um tempo de vida... uma amizade....um relacionamento...mas há uma
identidade de propósitos e filosofia de alma.
Quantas vezes você, que esta lendo este texto, já passou por situações semelhantes e pouca ou nenhuma
atenção deu ao fato?
Fique mais atento(a) a tudo o que acontece ao teu redor.. A vida é facilitada em todos os sentidos. O que é seu,
seu será. Plante boas energias e vai colhê-las, sempre. Não importa quanto tempo o tempo vai precisar. O
Universo sabe o tempo necessário e tudo o que você for merecedor (a) vira ao teu alcance. Quando se ajuda
não se deve condicionar retorno. Nosso crédito está computado na justiça divina e no merecimento do Universo.
E conspira a nosso favor.!
Mas, não se esqueça, o que aparecerão serão oportunidades. Cabe a você, em seu livre arbítrio, saber encarálas
ou deixá-las passar por dúvidas, desatenções, momentos impróprios...ou por negligencia!.....
O seu Arco-Íris será interpretado única e exclusivamente por você. Boa sorte!
.
Sei que nos Veremos….!
 
Galeria  e  Atelier
   Viver com Arte

Exposição Permanente
Vendas de Obras
Aulas de Pintura
 Helen

domingo, 4 de dezembro de 2011



Sou construída por emoções secretas...
Podem até comentar sobre mim.
Mas me capturar...
-Só com minha permissão!