Então, com toda aquela felicidade, tô aqui pra conversar contigo. Não precisa responder, vai ser como nos velhos tempos. Estou em um bar que fica perto da praia, e decidi que precisamos fazer algo sobre o fato de que o mar me lembra você e o riso raio da manhã. Precisamos fazer algo sobre as músicas que me lembram a gente, como Leãozinho e todas do System of a Down. E sobre o por que de que minha única vontade é que pegue no meu queixo gordo e diga que não sou só eu que sinto medo do que tá acontecendo.
Eu lembro daquela semana. Foi a única semana que consegui me relacionar contigo sem nenhuma neura. A gente se ligou pela primeira vez, em um daqueles aplicativos novos e complexos que você consegue ver a pessoa e não só escutar a voz. Tu sentia vergonha. Eu sentia medo e calafrio. Eu precisava de ti desde que tu aceitou a ligação. E, nossa, como gostava de contar todas as piadas que já escutei nessa vida pra ti, ou de ficar de castigo com o telefone no canto do quarto, te ver escondendo o sorriso por tudo aquilo tá tão bacana, vê que você abaixou levemente o cenho, me achando pateta. Eu me estufei de orgulho por alargar aquele riso.
‘Você me diz pra correr menos, por que se preocupa com o meu pulmão, mas você nem liga por eu estar um pouquinho acima do peso, você não fuma cigarros, você não vai a festas universitárias, é baixinha, meio esquisita até, meia tortinha, mas sei que milhões de garotos gostariam de estar no meu lugar agora. Você é um clichê por que você pode ser diferente, você pode não ser só atração física e sexo, você pode ser aquele beijo de despedida que deixa o coração palpitando. Você não tem uma família esquisita, nem um ex louco, você é comum, mas tem o que os outros não tem, eu vi um coração em você, e como Cazuza já dizia, eu que achei que não tinha nem sentimento, não vou ter medidas pra te gostar. Fica.’
Gabito Nunes