Trecho do Livro - Teoria da Viagem - poética da geografia, do filósofo e professor francês Michel Onfray
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"O viajante concentra estes tropismos milenares: o gosto pelo movimento, a paixão pela mudança, o desejo ardoroso de mobilidade, a incapacidade visceral de comunhão gregária, a vontade de independência, o culto da liberdade e a paixão pela improvisação".
"A arte da viagem induz uma ética lúdica, uma declaração de guerra ao espaço quadriculado e à cronometragem da existência".
"Viajar supõe o desregramento de todos os sentidos".
"Viajar solicita uma abertura passiva e generosa a emoções que advém de um lugar a ser tomado em sua brutalidade primitiva".
"Há que celebrar prioritariamente o que em nós treme e eletriza, se mexe e se carrega de energia, faz oscilar a agulha do sismógrafo, em vez daquilo que apenas faz o cérebro trabalhar".
"No estrangeiro, nunca se é um estranho para si, mas sempre o mais íntimo".
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Resolvi transcrever aqui o trecho deste livro, por pensar que ele reflete muito do que sinto, e de como me sinto em relação a muitas coisas, essa liberdade incerta que é viver, sentir-se vivo é uma viagem incrível que faço todos os dias.
Gosto de viajar até o meu mais intimo desejo, secreto, proibido, restrito a mim mesma, e por vezes a alguns poucos que nele recebem o direito de penetrar, as viagens de destino incerto são as que mais me fascinam, o vento no rosto, a aflição deliciosa da incerteza de como chegar? onde chegar? e por vezes porque chegar? Isso exerce um perturbador fascínio sobre mim, mas me levam a ter momentos que valem uma vida inteira, situações bizarras, confusas, pessoas que estão sempre ali no caminho, cada qual com sua importância vital ao trajeto, algumas como guia, outras como desvio ou até que se apresentam na forma de retorno. Muito reflito cada vez que preciso pegar um retorno, seria o retorno algo que te traz de volta à estrada certa, o caminho correto, ou seria o retorno algo que te faz voltar a andar por uma estrada que já conheces, seguir pelo caminho certo pra você nem sempre é seguir pelo melhor caminho, ou até mesmo seguir pelo caminho que te trará as melhores experiências, aquelas que você vai contar aos netos, ou aquelas que você não terá coragem de confessar nem a você mesma, nas viagens da vida, gosto de cultuar e manter por perto mesmo que sempre distante, aquelas pessoas que me levaram pelos caminhos mais estranhos, mas bizarros, com as quais fiz as viagens mais intrigantes, momentos que nem mil anos irão apagar, segredos guardados no intimo de dois, ou apenas no meu intimo, pessoas que terão o poder de me encontrar no meio do caminho esteja eu na estrada que estiver e mesmo depois de anos, vão olhar nos meus olhos e me pegar pela mão, me guiando por caminhos nunca antes percorridos, estradas conhecidos, porém vistas ´pelos olhos destes seres estranhos e ao mesmo tempo fascinantes, tornam-se únicas, e isto me faz perceber que muitas vezes o que torna um caminho interessante, é quem te guia através dele, quem involuntariamente tem o poder de te olhar no olhos, pegar na tua mão e sem dizer uma só palavra, te levar por um caminho incerto, obscuro, mas ao mesmo tempo te levar exatamente onde você sempre quis estar, a melhor viagem na maioria das vezes está escondido no melhor guia, na melhor cia...
Algumas pessoas ao entrelaçar os seus dedos em minhas mãos têm o poder de transformar um simples passeio pelo quarteirão, na mais deliciosa aventura... Momentos que valem uma VIDA, momentos pelos quais tenho certeza que nasci pra viver, e aos quais me permito não tentar ENTENDER, pois sei que esses momentos mágicos, não devem ser julgados, quantificados ou entendidos, momentos que devem simplesmente ser VIVIDOS em toda sua graça e intensidade!!!
E assim sem fôlego, me despeço intrigada e fascinada com as voltas que a vida me dá...
Morgana Fernandes – 02/03/2010
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