quinta-feira, 29 de abril de 2010

HORA DA FAXINA - MORGANA FERNANDES

HORA DA FAXINA
 
Hoje zerei minha caixa de emails, zerei minha pagina de recados, limpei minha agenda do telefone, arrumei a mesa, deletei mensagens que só me traziam lembranças de coisas que já se foram e nunca mais voltarão a ser, hoje é meu dia de faxina, sempre fui muito apegada a tudo, tudo mesmo, até papel de rascunho, mas hoje decidi que quero jogar fora, confesso com certo pesar e até dor no coração, vou jogar fora tudo aquilo que não agrega felicidade a minha vida, as fotos, as lembranças, os objetos, faxina geral, faxina total, primeiro as coisas físicas, posso até ter os números de telefone gravados na cabeça, os endereços da casa, do email, mas excluir da agenda e fazer um esforço quase sobre-humano no inicio, para não ligar, no primeiro dia vai ser uma tortura, no segundo um pouco menos e com o passar dos dias, os números irão sumir também da mente e se não tiver gravados na agenda, chegara o dia em que milagrosamente nem que eu queira conseguirá lembrar, se não lembrar não vai ligar, vai evitar a humilhação do desprezo e da indiferença, acho que esquecer de verdade é pedir muito, porém com certeza ajudará a deixar de lembrar, até que um dia como num passe de mágica terá virado um velho fantasma que não assombra, não atormenta, não machuca que não assusta mais e mesmo que esteja ali diante dos seus olhos, não o fará tremer, não abalará sua paz, porque nada do que fez apaixonar-se fará sentido, levando em conta todo o descaso e indiferença vivida no final.
 
Para tirar do coração, tem que primeiro expulsar da mente, exorcizar do corpo, da alma, da vida, amizade, alguém que faz pouco do seu amor, que é indiferente a sua dor, será que precisamos de um amigo assim???
Ter como amigo um amor que doeu de uma história que terminou alheia a sua vontade é a melhor forma de manter o corte aberto, sangrando, bom mesmo é abandonar, deletar, excluir, ignorar de todas as formas possíveis, somente desta forma a cicatriz vai fechar, e aos poucos começa a parar de sangrar, os dias vão deixando de ser intermináveis e essa angustia começa a desaparecer, continuar amando sozinho dói e enfrentar a indiferença e o desprezo do ser amado é de matar, mas se fizermos um faxina bem feita não é preciso sofrer mais que o necessário e ao final, você sentirá o sol entrar pela janela, refletindo a beleza que há em você e não um monte de entulhos de uma história que se foi, permitindo que os outros consigam enxergar você de casa limpa, e coração aberto...
 
MORGANA FERNANDES – 29/04/2010
 

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