sexta-feira, 30 de abril de 2010

Leve brisa a tempestade... Morgana Fernandes

Leve brisa à tempestade...
 
Hoje em meio a minha eterna confusão mental, parei pra pensar a respeito das voltas que a vida dá,
de como tudo é tão provisório e inconstante, não existem verdades absolutas, nada é eterno, tudo é móvel e passageiro, pessoas passam por nossas vidas, algumas como uma leve brisa, fresca, agradável, te fazem suspirar por alguns instantes, seu coração bate acelerado, brisas encantadoras porém passageiras.
 
Existem aquelas ainda que cheguem como a chuva, dependendo de qual estação nos encontre, as receberemos bem ou as receberemos mal, um banho de chuva depois de um dia de praia em um final de tarde quente de verão, é mágico, é revigorante, excitante até, porém em uma manhã fria de inverno em plena segunda feira a caminho do trabalho chega a ser maldição...
 
Mas as que realmente me tiram o sono são aquelas que se dizem calmaria, que se dizem tardes de outono, te confortem te acolhem, te afaguem, te estendem a mão tão voluntariamente, tão despretensiosamente, que chegas a nem perceber o quão dependente te tornastes destas agradáveis tardes de outono, que nos envolvem com sua paz e tranqüilidade, sua oferta incansável de cuidados e carinhos, nos levam a entrega, ao delírio do eterno, e achamos que enfim é chagada a hora de dar sossego ao coração, de deixar de lado a montanha russa de emoções que envolvem nossa existência, até que enfim, sem muito aviso, sem muita antecipação, sem nenhum alerta, a mansa tarde de outono se transforma em um furacão, devastador, aterrorizador, uma simples mudança de atitude e tudo que acreditávamos ser já não é mais, toda a segurança a qual nos acostumamos, cede lugar a essa inconstância perturbadora, ensurdecedora que grita alto e toca fundo em cada uma das suas fragilidades, atinge teus medos mais ocultos e quando paramos pra pensar, nos sentimos como a menina que os pais esconderam no abrigo pra fugir do furacão e passa horas trancada sabendo que o mundo lá em cima está virando do avesso e quando volta a superfície, meio sem saber por onde começar, vai juntando os cacos e tentando encontrar de novo uma maneira de limpar toda a sujeira causada pela tormenta, sente-se só, caminha perdida, recolhe cada pedaço com suas próprias mãos, uma imagem que de longe parece inútil, mas pra ela é a certeza de que por mais forte que sejam os ventos, por piores que sejam os danos causados, por mais inesperado que tenha sido e mesmo que ela esteja sozinha em meio a toda aquela destruição e só consiga reconhecer vestígios de tudo aquilo que sempre lhe garantiu segurança, sempre é possível recomeçar...
 
Morgana Fernandes 30/04/2010
 

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