A Difícil arte de amar perante a tecnologia...
Morgana Fernandes
Outro dia estava no elevador do prédio onde trabalho e ouvi dois advogados conversando a respeito de uma causa que estavam defendendo, a mulher estava processando o marido porque ele estava mantendo relações sexuais com uma "menina" virtualmente, em um primeiro momento achei extremamente bizarra a situação, a tecnologia afetou consideravelmente a forma das pessoas de se relacionarem, não escrevemos mais cartas, não colamos mais selos, não temos mais agendinhas de telefone ou diários, antes se sentia falta de uma amiga, eu ia até a casa dela, hoje eu mando um torpedo, chamo no MSN, skype, facebook, temos amigos no mundo inteiro e não sabemos o nome de nosso vizinho, passamos tanto tempo conectados que ficamos perdidos sem internet, não precisamos mais estar em uma sala com um computador para trabalhar, trabalhamos do ônibus, da praia de qualquer lugar, 100 % online.
Não julgo nem condeno, eu mesma sou uma das pessoas mais conectadas que conheço, tenho 3 celulares, 2 notebook, 1 computador, facebook, Orkut, myspace, linked in, 2 msn, 2 skype, 1 blog, enfim mil maneiras de estar conectada ao mundo, mas confesso que em meio a tantos contatos, tantas pessoas com as quais convivo e que juram fazer parte da minha vida apenas por saberem tudo que se passa na rede, sinto falta de uma carta de letra torta, um cartão com corações desenhados, uma flor roubada do jardim, uma ligação (sem que você saiba quem está ligando), um pouco de surpresa e emoção, os beijos de batom vermelho no final das cartas de amor, antes você brigava com seu namorado porque ele beijava outra, ou trocava olhares, hoje ele pode beijar, flertar, trocar olhares, cutucar no facebook, mandar uma cantada no Badoo, fazer sexo pelo MSN, skype, celular, existem mil maneiras de namorar, existem 1001 de trair e cada dia que passa as relações são mais online, mais conectadas, mais expostas, as fotos serviam para mostrar aos amigos, pra eternizar os momentos, hoje elas são postadas imediatamente nas redes sociais, todos sabem o que você come, os filmes que vê, os lugares que frequenta, com quem sai, as roupas que usa, sabem tudo a seu respeito, mas nada a respeito de quem é você de verdade, sinto falta das conversas olho no olho, dos encontros às 8 da noite, das ligações de surpresa, os bilhetinhos apaixonados na caixa do correio, as rosas roubadas, ainda com os espinhos, sinto falta de quando as pessoas sabiam que você estava namorando porque te viam passear de mãos dadas ao pôr-do-sol e não porque você mudou seu status para "relacionamento sério", quando provas de amor, eram serenatas no meio da noite, poemas apaixonados e rosas perfumadas, noivado era um anel na mão direita, as pessoas riam juntas, conversavam deitadas na grama, brindavam batendo copos e não virtualmente, a tecnologia aproxima e afasta ao mesmo tempo, posso ter mil maneiras de falar com alguém e ser ignorada em todas elas, levar um fora hoje em dia é você acordar pela manhã e perceber que foi excluído das redes sociais, o sms não respondido, a ligação não retornada, a cutucada não devolvida, o recado ignorado, o email sem resposta, existem mil maneiras de ser indiferente à uma pessoa, mas somente uma de amá-la...
Estando ao seu lado, abraçando forte e segurando sua mão olhando em seus olhos dizendo: "Não importa o que aconteça nem quanto tempo passe, eu estou e estarei sempre aqui para você, porque EU TE AMO e você é parte do todo que me faz falta"...
Morgana Fernandes
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